Espanhola Contigo Energía quer crescer em Portugal de forma sustentada

A Contigo Energía, que iniciou a representação de produtores de energia renovável no mercado nacional, com o objetivo de replicar o modelo que tem em Espanha, pretende crescer em Portugal de forma sustentada.
“Temos mais de 3 gigawatts de potência renovável de clientes que representamos no mercado espanhol, vendemos a sua eletricidade no mercado espanhol com o objetivo de obter o maior benefício possível e minimizar todos os riscos derivados de uma central eólica ou solar, o nosso objetivo em Portugal é iniciar esta atividade aproveitando todo o conhecimento que temos do mercado espanhol e dadas todas as semelhanças entre os [dois] mercados”, explicou o diretor de Gestão de Energia da Contigo Energía, Miguel Adell, em entrevista à agência Lusa.
Criada em Espanha em 2005, a empresa entrou no mercado português em 2020, com a atividade de serviços energéticos, oferecendo atualmente soluções de autoconsumo solar fotovoltaico, tanto a clientes finais, como em zonas industriais e comerciais.
Este ano, a empresa decidiu avançar também em Portugal com a representação de produtores de energia renovável, sejam eles clientes europeus com vários ativos de produção na Península Ibérica, ou clientes portugueses mais pequenos.
“Em Portugal, há também objetivos ambiciosos de crescimento da produção fotovoltaica, da produção fotovoltaica para autoconsumo e da produção eólica, tal como em Espanha, e nós acreditamos que podemos dar o nosso contributo para que esses objetivos se concretizem”, referiu Miguel Adell.
A empresa está já em conversações com produtores mais pequenos, bem como com clientes maiores que tem em Espanha, que também têm geração renovável em Portugal, mas até agora não podiam usufruir deste serviço no país.
“A nossa intenção é crescer pouco a pouco, este ano serão dezenas de megawatts-hora de energia renovável, provavelmente solar fotovoltaica, no próximo ano esperamos chegar às centenas de megawatts de energia renovável e nos anos seguintes serão alguns milhares”, adiantou o responsável.
Em termos de legislação para as renováveis, a Contigo Energía disse não esperar problemas maiores em Portugal do que em Espanha.
“Os governos de ambos os países estão a tentar assegurar uma independência energética cada vez maior, que o nosso setor energético seja mais sustentável, mais descarbonizado, e compreendemos que o atual regulamento facilita a integração de nova geração renovável e confiamos que assim será a curto, médio e longo prazo”, considerou Miguel Adell.
Questionado sobre um projeto de lei do PS que visa clarificar regras e conceitos da tributação em sede do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) dos centros eletroprodutores de energias renováveis, como centrais hidroelétricas, parques eólicos e parques solares fotovoltaicos, o responsável defendeu que “a tributação das gerações não é algo bom”.
“Nos últimos anos, como consequência da maior integração da produção renovável no sistema, estamos a assistir a preços significativamente baixos que tornam as centrais não rentáveis, pelo menos nos planos de negócios iniciais”, apontou.
Para Miguel Adell, a tributação adicional apenas iria dificultar a concretização dos objetivos de independência energética e descarbonização.
Atualmente, a Contigo Energía fornece eletricidade a mais de 90.000 clientes e gere a energia de mais de 9.000 produtores em Espanha, muitos dos quais com pequenas centrais de produção, de cerca de 100 quilowatts (KW).