Especialistas preparam estratégia urbanística para adaptar Lisboa às alterações climáticas



O gabinete de arquitetura Hori-zonte, especializado em arquitetura sustentável, formou um grupo de trabalho com 12 especialistas, de diferentes especialidades, para avançar com um conjunto de propostas urbanísticas concretas para mitigar os efeitos do aquecimento global na cidade de Lisboa.

Em comunicado, a entidade refere que a capital portuguesa é “uma das geografias nacionais mais sujeitas, por exemplo, aos efeitos das ilhas de calor” e que apesar dos “passos que têm sido dados pelo município”, Lisboa é, de acordo com a Agência Europeia do Ambiente, a 11.ª capital europeia com menor cobertura de árvores. Estima-se que a temperatura desce em média 1ºC por cada 50 metros quadrados adicionais de cobertura vegetal.

Os contributos do conjunto de peritos serão trabalhados durante o workshop “ReThink Lisboa: Climate & Regeneration Proposal 2030”, em plena Archi Summit – cuja 9.ª edição decorrerá de 9 a 11 de julho, na capital, no Convento do Beato.

Após o workshop, serão conhecidas as conclusões e a estratégia a seguir para “uma Lisboa mais fresca e com mais qualidade de vida”, informa o gabinete Hori-zonte. A divulgação do documento final acontecerá no dia 11, numa sessão pública, marcada para as 14h30.

Da equipa multidisciplinar que trabalhará em contexto Archi Summit fazem parte nomes como os arquitetos Manuel Aires Mateus e Inês Lobo, o cientista Filipe Duarte Santos (professor catedrático da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, presidente do Conselho Nacional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável e um dos investigadores mais conceituados em alterações climáticas e sustentabilidade), o engenheiro Vasco Appleton (A2P Engenharia), o urbanista Daniel Casas Valle (conhecido pela obra “The Future Design of Streets”), o arquiteto e investigador Adrian Krężlik (Dosta Tec, Energy and Buildings for Future Climate), a arquiteta paisagista Catarina Viana (Topiaris), a especialista em sustentabilidade Vanessa Tavares (BUILT CoLAB – Laboratório Colaborativo para o Ambiente Construído do Futuro), o arquiteto paisagista Paulo Palha (Neoturf e EFB – European Federation of Green Roof and Green Wall Associations) e a especialista em saúde pública Teresa Leão (professora auxiliar da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto).

A moderadora e relatora da iniciativa será a arquiteta Ana Neiva (professora e investigadora da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto).

“Lisboa enfrenta vários desafios climáticos que exigem respostas urgentes e integradas. Com o workshop ‘ReThink Lisboa’ queremos criar um espaço onde arquitetos, urbanistas, cientistas e outros profissionais possam pensar conjuntamente em soluções reais para a cidade e para o bem-estar dos seus cidadãos”, sublinha Diogo Lopes Teixeira, co-fundador do gabinete Hori-zonte.

Para o arquiteto, a iniciativa reflete a forma como o coletivo de que faz parte “entende a prática: colaborativa, crítica e comprometida com a transformação do território”.

“Só com uma abordagem verdadeiramente multidisciplinar é possível desenhar um futuro urbano mais regenerativo e resiliente”, observa o responsável, olhando para o diagnóstico, a reflexão, a estratégia e a proposta de ação que resultarão como um contributo técnico-científico que pode ajudar o território.

Na base do documento final, que “poderá servir como referência para a implementação de políticas e projetos sustentáveis”, diz o Hori-zonte, estarão a identificação dos principais “constrangimentos urbanos e ambientais” que Lisboa enfrenta, devido às alterações climáticas, e um conjunto de “ações práticas e estratégias viáveis para mitigar” esses desafios e promover uma cidade “mais sustentável e resiliente”.

Salienta a entidade que Lisboa tem um “mapa térmico muito desigual”, com várias ilhas de calor urbano a manifestar-se ciclicamente, com diferenças médias entre os 2ºC e os 3ºC, mas que chegam a atingir, nalguns locais, diferenças de 11ºC relativamente aos valores de referência (a estação meteorológica do aeroporto).

Estes temas estão na ordem do dia em várias cidades europeias e mundiais, e o Hori-zonte diz que não faltam exemplos de passos urbanísticos concretos que estão já a ser dados em algumas dessas malhas urbanas, a pensar na qualidade de vida das populações.

“Paris, por exemplo, vai substituir nos próximos anos 40% do asfalto na rede viária por revestimentos termicamente mais refletores, enquanto converterá parques de estacionamento em zonas verdes e plantará quase 200 mil árvores”, exemplifica Diogo Lopes Teixeira.

O arquiteto sublinha, em nota, que tais “medidas são apenas algumas, exemplificativas, de cariz arquitetural, paisagístico e urbanístico, que podem fazer parte de uma estratégia integrada, que tem de ser pensada cidade a cidade”.






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