Espécies em risco: A cada cinco minutos, um pangolim é caçado ilegalmente, alerta organização



O pangolim é atualmente considerado o mamífero mais traficado em todo o mundo, aponta a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Todas as suas oito espécies estão ameaçadas de extinção, e a cada cinco minutos um desses animais é caçado ilegalmente.

Estes animais, solitários, insectívoros e geralmente notívagos, estão ameaçados pela caça furtiva e pelo comércio ilegal internacional. Estima-se que terão sido capturados mais de 895 mil pangolins em todo o mundo entre 2000 e 2019, especialmente devido à sua carne e às suas escamas, consumidas e usadas maioritariamente no sudeste e leste da Ásia.

As suas escamas, que formam a ‘armadura’ de queratina com a qual o animal se protege de predadores, ao enrolar-se numa pequena bola, e das picadas das formigas das quais se alimenta, são componentes centrais da medicina tradicional asiática, em particular na China e no Vietname.

Acredita-se, embora sem fundamento científico sólido, aos olhos da ciência ocidental, que essas escamas curam uma panóplia de problemas de saúde, desde doenças cardíacas ao cancro.

Também em África, nas regiões central e ocidental, as escamas do pangolim são usadas em tratamentos medicinais tradicionais.

Quanto à sua carne, tem sido consumida como fonte de proteínas um pouco por todo o mundo ao longo dos séculos, mas é na Ásia que se registam os maiores níveis de consumo. Contudo, apesar de nesse continente a carne de pangolim continuar a fazer parte da alimentação regional, essa tendência tem diminuído, dando maior espaço ao tráfico ilegal destes animais ao redor do mundo. As estimativas apontam para que, pelo menos, 400 mil pangolins sejam caçados e consumidos na África Central todos os anos

Em alguns países asiáticos, o consumo de carne de pangolim é sinal de riqueza e de estatuto social elevado, sendo hoje maioritariamente consumida por círculos sociais e económicos mais restritos.

A IUCN diz que a caça ilegal, ao longo das últimas décadas, tem resultado em perdas avultadas de populações de todas as oito espécies deste mamífero, e até na extinção de local de algumas delas.

“Desde 2008, tem havido um aparente aumento do tráfico de escamas de pangolim africano, principalmente da África Central e Ocidental para os mercados asiáticos”, alerta a organização, o que estará a aumentar a pressão sobre as populações desses animais nos trópicos africanos.

De acordo com a mais recente avaliação feita pela IUCN, três espécies de pangolim estão classificadas como “criticamente em perigo” (Manis pentadactyla, Manis culionensis, Manis javanica), outras três estão “em perigo” (Manis crassicaudata, Phataginus tricuspis, Smutsia gigantea) e as restantes duas são consideradas “vulneráveis” (Phataginus tetradactyla, Smutsia temminckii).

Além da caça ilegal, os pangolins estão também a ser ameaçados pela degradação e pela perda de habitat natural, principalmente devido à expansão agrícola, à utilização de pesticidas, que dizimam as populações de formigas e térmicas de que se alimentam, e à indústria madeireira.

Em 2020, aquando a eclosão da pandemia de Covid-19, o pangolim, a par do morcego, foi apontado como o ‘culpado’ de transmitir o vírus às populações humanas, exacerbando ainda mais as ameaças a essas espécies já em risco. No entanto, na altura, Dan Challender, líder do grupo especializado em pangolins da IUCN, afirmou que “embora se saiba que os pangolins sejam hóspedes para variantes de coronavírus”, afirmou que não havia bases científicas para associar esse animal à pandemia que grassou pelo mundo.

E declarou que “seja como for, acabar com o comércio ilegal de pangolins contribuiria para mitigar os potenciais riscos para a saúde associados ao consumo de animais selvagens”.





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