Espécies exóticas estão a chegar à Europa “à boleia” de plantas ornamentais



Apesar das regulamentações e dos controlos de fronteira, várias espécies de outras regiões estão a entrar em países do norte da Europa sem serem detetadas, escondidas por entre plantas e flores importadas.

O alerta é feito num artigo publicado na revista ‘BioScience’, no qual investigadores do Reino Unido, Países Baixos e China dizem que essas espécies exóticas – por não ocorrerem naturalmente nos locais onde acabam por ser introduzidas – podem tornar-se espécies invasoras, competindo com as espécies locais e até causar sérios impactos agrícolas e ambientais.

Revelam os autores que esses organismos estão a ser inadvertidamente importados para o Reino Unido e para regiões do norte da Europa em carregamentos volumosos de plantas ornamentais e de flores colhidas em meios selvagens, fazendo com que seja difícil detetá-los, especialmente com o aumento desse tipo de comércio internacional.

“Mesmo com as melhores das intenções, há sempre boleias indesejadas que passam pelos controlos alfandegários”, aponta, em comunicado, Silviu Petrovan, da Universidade de Cambridge e um dos principais autores do estudo.

Por isso, esta equipa defende que é urgente reforçar as regras de importação de plantas e flores para fins decorativos, uma vez que não há sinais de abrandamento no mercado global de plantas ornamentais, que se estima que, todos os anos, gera milhares de milhões de dólares.

Aumentar o controlo sobre as importações de plantas não só ajudará a combater a introdução de espécies exóticas, como também a delapidar os mercados negros que traficam plantas retiradas diretamente da Natureza e que podem, muitas vezes, acabar por entrar nos circuitos legais.

“Mesmo com um comércio global de plantas ornamentais cultivadas, ainda existe um mercado para espécies raras retiradas do meio natural, o que pode levar ao rápido declínio das espécies, bem como a um aumento dos riscos de entrada de pragas e de doenças de plantas na cadeia de abastecimento”, destaca Amy Hinsley, da Universidade de Oxford e primeira autora do artigo.

Entre os organismos que chegam à Europa escondidos em carregamentos de plantas estão várias espécies de répteis, anfíbios, aranhas, insetos e fungos, e até mesmo as próprias plantas comercializadas podem vir a tornar-se invasoras.

“Temos de nos esforçar por tornar o setor mais sustentável, através de certificações e de uma melhor regulamentação, e de trabalhar com as pessoas envolvidas no comércio para compreender melhor os riscos e a forma de atenuá-los”, afirma Petrovan.






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