Esta espécie de espadim muda de cor para evitar ‘fogo amigo’ durante caçadas



O espadim da espécie Kajikia audax é um dos maiores e mais velozes peixes predadores que nadam nos oceanos. Formam grupos altamente coordenados de vários indivíduos para encurralarem e, usando os seus narizes em forma de lança, empalarem as suas presas.

Mas, fazendo investidas rápidas, há o risco de os espadins poderem ferir parceiros de caçada. Uma equipa de cientistas acredita que os peixes comunicam uns com os outros através da mudança da cor dos seus corpos, sinalizando aos outros que agora é a sua vez de atacar.

Os cientistas analisaram vários vídeos, captados por drones, de espadins a caçarem sardinhas do Pacífico (Sardinops sagax), para compreenderem como é que os predadores se comportam, como coordenam as investidas e como interagem com os outros membros do grupo.

Nas imagens, deparam-se com algo inesperado: à medida que um dos espadins avançava em direção ao cardume de sardinhas, as listas brancas verticais que tem ao longo do seu corpo tornavam cada vez mais brilhantes. Quando se afastava, voltavam a escurecer.

Nesta imagem, captada por drone, um espadim prepara-se para investir, as suas listas brancas brilhantes. Por perto, está outro espadim, membro do grupo de caça, mas as suas listas não são visíveis.
Foto: Alicia Burns

Os investigadores sugerem que a mudança no brilho das bandas brancas funciona como um sistema de comunicação através do qual o espadim atacante avisa os seus conspecíficos de que se está a preparar para um ataque e que devem afastar-se, possivelmente para evitarem serem feridos acidentalmente. Após o ataque, as listas brancas escurem e, assim, sinaliza que é seguro outro membro do grupo avançar.

Embora já se soubesse que os espadins K. audax mudam de cor, os investigadores, que revelam a descoberta num artigo na publicação ‘Current Biology’, dizem que é a primeira vez que isso é associado a dinâmicas sociais e, especificamente, a comportamentos de caça.

“As mudanças de cor são raras nos predadores, e ainda mais em predadores que caçam em grupo”, explica Alicia Burns, investigadora da Universidade Humboldt, em Berlim, e primeira autora do estudo.

“Neste caso, a mudança de cor parece funcionar como um semáforo para os conspecíficos. Algo assim: Parem, agora é a minha vez de caçar”, detalha a bióloga.

Para além disso, este grupo de cientistas não afasta a possibilidade de a mudança de cor dos espadins poder também ter outra finalidade: confundir as presas. Contudo, será preciso mais trabalho de investigação para comprovar essa teoria, bem como para perceber se as mudanças de cor também acontecem quando os espadins caçam sozinhos.

Jens Krause, do Instituto Leibniz de Ecologia de Água Doce e de Pescarias de Águas Interiores (IGB), que também assina o artigo, refere, em comunicado, que mudanças de cor associadas a comportamentos de caça foram já documentadas noutros tipos de peixes predadores, como os veleiros (género Istiophorus) e o dourado (Coryphaena hippurus). E diz que as mudanças de cor são ainda mais pronunciadas nesses peixes do que as que são visíveis no espadim K. audax.





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