Estudo: Ruído provocado por tráfego aéreo excessivo coloca Portugal na cauda da Europa
O ruído é desde cedo um problema destacado pela população em consequência do Aeroporto Humberto Delgado estar localizado dentro da cidade de Lisboa, e cada vez mais rodeado de habitações.
O relatório “Ruído Ambiental na Europa – 2020” publicado pela Agência Europeia do Ambiente revela dados impressionantes e desfavoráveis ao nosso país. A Associação ZERO relata que Portugal, comparativamente aos outros países da União Europeia e Reino Unido, apresenta uma péssima situação em termos de níveis de ruído identificados no quadro da legislação europeia, no que respeita ao tráfego aéreo.
Foi analisado que Portugal tem cerca de 7% da população das aglomerações (incluindo os municípios de Lisboa e Porto e alguns dos arredores), exposta a valores superiores a 50 dB, associados exclusivamente ao tráfego aéreo. É também o país da UE com maior percentagem de crianças entre os 7 e os 17 anos afetadas por problemas de leitura, nas áreas afetadas por tráfego aéreo (6,8%).
Lisboa foi considerada, a seguir ao Luxemburgo, a pior capital europeia em termos de exposição a este ruído. No que respeita ao indicador Lden (média de 24 horas), 15% da população do município está diariamente exposta a níveis superiores a 55 dB.
O aeroporto não tem atualizado nenhum plano de ação para o ruído, porque tem sido chumbado consecutivamente pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), mas a ZERO garante ser impossível o cumprimento da legislação sem uma enorme redução do tráfego atual, não só de dia como principalmente ao longo da noite.
O Relatório assinala também várias repercussões na saúde pública com base neste problema, nomeadamente o incómodo, a perturbação do sono, a interferência na compreensão oral e escrita das crianças e a incidência de doença isquémica.
Existe assim uma necessidade inequívoca de rever estratégias para reduzir o tráfego no aeroporto da capital, e prevenir impactos futuros.
Em colaboração com Associação ZERO.