Europa perdeu mais de 400 milhões de aves desde 1980
Os números são alarmantes e espelham bem as dificuldades que a biodiversidade europeia atravessa: desde o início dos anos 80, cerca 421 milhões de aves desapareceram dos céus europeus.
Os dados são avançados por um estudo publicado na revista Ecology Letters, relembrando que em 1980 perto de 2,06 mil milhões de aves de 144 espécies sobrevoavam os céus da Europa. Na actualidade, e analisando 25 países do velho continente, os cientistas alertam que perto de 421 milhões de aves não resistiram às ameaças vindas de uma Europa a braços com problemas ambientais graves.
Já em 2009, o declínio destas espécies era bem visível com os números a não deixarem margens para dúvidas. Das cerca de 2,06 mil milhões de aves nos anos 80, no fechar da primeira década do século XX já só restavam 1,64 mil milhões, qualquer coisa como um decréscimo na ordem dos 20%. E houve espécies especialmente afectadas, caso do pardal-comum, o estorninho-malhado, a laverca, a felosa-musical e o pardal-montês.
Os números revelados são já por si motivo de preocupação, mas quais as consequências desta situação na biodiversidade europeia e no meio ambiente, a nível mundial? Com um papel importantíssimo no ecossistema, as aves têm a seu cargo importantes funções – caso do controlo de pragas – que desta forma ficam completamente comprometidas. E isto é um claro indicador de degradação ambiental da Europa, defendem os autores do estudo. “As espécies comuns estão presentes um pouco por toda a parte e os seus números estão ligados à deterioração da qualidade do ambiente.”
A desenfreada expansão da agricultura e um urbanismo pouco respeitador da biodiversidade local são apontados como factores para a perda e fragmentação do habitat natural desta espécie. Mas animem-se os mais esperançosos, pois para os autores do estudo estas conclusões podem ser “um pouco como um grito de alerta de que precisamos de começar a tentar descobrir o que está a causar estes declínios, para que possamos examinar formas de os travar e quem sabe, reverte-los”, declara Richard Inger, autor do estudo.
Foto: Sandra Botelho / via Creative Commons