Exclusivo GS: entrevista a Tiago Barros, o arquitecto português que está a espantar o mundo



Há uma semana, Tiago Barros era “apenas” um arquitecto português a trabalhar em Nova Iorque. Hoje, ele é destaques das revistas, blogs e agregadores de arquitectura e sustentabilidade mais reconhecidos do mundo e prepara-se para ser entrevistado por revistas como a Wired UK, Wallpaper ou Abitare.

Tudo por causa do Passing Cloud, uma espécie de “Zeppelin-meets-balão” que já é visto como o meio de transporte mais sustentável de sempre – apesar de ainda não ter saído do papel.

Em entrevista exclusiva ao Green Savers, Tiago Barros falou da forma como aborda constantemente, nos seus trabalhos, o tema da sustentabilidade; como Nova Iorque é “um íman de boas energias”; e até reconheceu que, nesta altura, o projecto Passing Cloud não será de fácil implementação.

Leia a entrevista a Tiago Barros, o arquitecto português que está a espantar o mundo com o seu Passing Cloud.

Como surgiu a ideia para desenhar o Passing Cloud?

A ideia surgiu através de uma filosofia de trabalho, que tenho vindo a desenvolver ao longo dos anos, que procura explorar ideias conceptuais fortes e futuristas, tendo em conta o processo evolutivo mundial ao nível da sustentabilidade.

Este projecto parece tirado de um filme de ficção científica. Ele é exequível? É passível de ser implementado?

O projecto é sempre exequível, ainda que esta possa não ser a melhor altura para o executar. Mas a ideia é forte e a pensar num futuro possível.

Que reacções teve, nacional e internacionalmente, do projecto?

Desde a primeira publicação, há três dias atrás [NDR: esta entrevista foi realizada na quarta-feira, 19 de Outubro], a reacção do público tem sido muito positiva, despoletando um grande interesse por parte de websites e revistas por todo o mundo. É um daqueles projectos que gera discussão, acabando por ser uma boa notícia no meio de tanta desgraça. É necessário começar a ter outra perspectiva da vida, que não tem que ser necessariamente má. Lanço já aqui uma ideia para um noticiário de apenas boas noticias! [NDR: esse noticiário já existe em Portugal, o Boas Notícias]

Já teve alguma proposta para a sua comercialização?

Bom, em três dias, não. Não houve tempo suficiente para tal, no entanto, estou sempre aberto a sugestões. Basta contactar-me para o email tiagobarros@yahoo.com.

Para além de muito arrojado, o Passing Cloud está a ser muito ligado à sustentabilidade. Foi essa a sua ideia inicial?

Sim, a questão da sustentabilidade está presente da minha filosofia de trabalho, sendo cada vez mais importante e essencial para as próximas gerações.

Porque razão saiu de Portugal e foi para Londres, primeiro, e Nova Iorque, depois?

Na verdade, o percurso foi: Portugal – Nova Iorque – Londres – Portugal – Nova Iorque. Esta cidade (Nova Iorque) é como se fosse um íman de boas energias a actuar constantemente dentro de nós e o resultado é este. A saída de Portugal teve a ver com o fraco mercado de trabalho e oportunidades, infelizmente. Depois? Nunca se sabe…

Como vê o Portugal de hoje? Que notícias do nosso País vai tendo por aí?

Portugal tem e terá sempre um carinho muito especial, afinal de contas, é a nossa casa e a nossa cultura. Acompanho sempre tudo o que se passa no nosso país através dos noticiários online.

O que faz no seu dia-a-dia? Que tipo de projectos desenvolve? Como é a sua vida em NY?

A vida em Nova Iorque é uma vida de trabalho e networking. Cada vez mais, os portugueses de Nova Iorque têm-se juntado e ajudado mutuamente. Temos já um círculo muito grande de amigos, entre, arquitectos, artistas, médicos, psicólogos, etc.

Acha que a arquitectura actual está a mudar para uma abordagem mais sustentável? Ou todos os projectos sustentáveis que vemos nos sites e revistas da especialidade são apenas uma ínfima parte dos trabalhos desenvolvidos no dia-a-dia?

Acho que sim. Não à velocidade que devia, mas está a mudar lentamente. Por exemplo, em vez de substituir toda a indústria automóvel por veículos eléctricos, temos que passar por uma fase de híbridos. Afinal de contas, são alterações que mexem com muitos interesses.

Na sua opinião, as pressões ambientais e sustentáveis – cada vez maiores – estão a mudar a arquitectura e a forma dos arquitectos trabalharem?

Sim, claro. Não só os arquitectos, mas todos nós devemos sempre rumar a um mundo melhor, com pensamentos positivos e produzindo ideias inovadoras e sustentáveis.

Costuma envolver a sustentabilidade nos projectos que desenvolve no dia-a-dia?

Sim, está sempre presente o uso de energias renováveis e a sustentabilidade das propostas.

Em Portugal – e na Europa – temos uma ideia de que a grande maioria dos norte-americanos são cépticos em relação às alterações climática. É verdade?

Não e sim. Esta é uma daquelas perguntas mais complicadas… Os Estados Unidos procuraram sempre estar na vanguarda da investigação e novas tecnologias, mas a verdade é que estão um pouco atrás nas questões ligadas às alterações climáticas. No entanto, é para isso que estamos cá! Temos que ajudar, propor e agir de modo a encher o mundo de boas energias e então, magicamente, os resultados começam a surgir. Como se costuma dizer por aqui: “nothing is impossible”.





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