Exclusivo Nuno Sequeira, Quercus: “Estamos a preparar o lançamento de um novo projecto na área das florestas”



Na segunda parte da entrevista de Nuno Sequeira, presidente da Quercus, ao Green Savers, o responsável diz que não há vontade política do Governo em dar mais destaque às questões ambientais e revelou que, por agora, não há nada que aponte para uma possível união entre a Quercus e a LPN.

Finalmente, explicou que a associação está a preparar o lançamento de um novo projecto na área das florestas, que pretende “intervir decisivamente na forma como a sociedade portuguesa olha para este património” e será brevemente apresentado.

Leia também a primeira parte da entrevista a Nuno Sequeira.

Como avalia os primeiros 18 meses da ministra Dulce Pássaro na pasta do Ambiente?

Julgo que tem sido um mandato difícil, pese embora a boa vontade e a competência da senhora ministra. Têm existido demasiadas dificuldades, carências em termos de recursos humanos, falta de recursos financeiros e tudo isto tem posto em causa o trabalho que o ministério deveria fazer. Esta realidade, juntamente com a falta de vontade política do governo no seu todo em dar mais destaque às questões ambientais, tem levado a que o Ministério do Ambiente não se tenha conseguido impor da forma como gostaríamos e tenha sido demasiadas vezes subjugado a estruturas com mais poder.

Recebeu alguma mensagem de Dulce Pássaro quando foi eleito presidente da Quercus?

Não, não recebi, e pelo que sei, esse não foi também um procedimento adoptado por nenhum dos ministros do ambiente anteriores, aquando da eleição de anteriores direcções da Quercus. Existe uma relação cordial da Quercus com o Ministério do Ambiente e como tal, é natural que numa próxima oportunidade em que reunamos, venhamos a falar das eleições que decorreram na nossa associação.

No 25º aniversário da Quercus, Viriato Soromenho Marques disse que a Quercus tem que ter um plano B para ultrapassar os desafios ambientais que a actualidade coloca a Portugal, sobretudo nas áreas da energia e alimentação. A Quercus já tem esse plano B?

Julgo que esse plano B passa incontornavelmente pelo trabalho de mobilização da sociedade portuguesa para as questões ambientais, trabalho que fazemos diariamente e é assegurado na sua grande parte pelos nossos voluntários. É certo que vivemos hoje em dia numa sociedade bastante mais sensibilizada para as temáticas ambientais mas é essencial que as pessoas se mantenham realmente proactivas e se envolvam enquanto cidadãos na defesa dos recursos naturais.

A Quercus, enquanto Organização Não-Governamental de Ambiente, está certamente disponível para dar o seu contributo na superação desses desafios e colaborar para que temas tão prementes como os que refere estejam na ordem do dia e na linha da frente das prioridades nacionais. Mas é evidente que não basta o trabalho que possamos fazer e é preciso que todos os sectores da sociedade, desde a comunidade científica até aos decisores políticos, passando pelo sector empresarial, se mobilizem para esta causa, de modo a que as mudanças necessárias aconteçam. Da nossa parte, tudo faremos para que assim seja.

Há uns tempos podia ler-se na blogosfera o apelo a uma fusão entre a LPN e a Quercus. Faz sentido esta união – ou está prevista? Quais os pontos positivos ou negativos que esta união traria para o movimento ambientalista?

Não há nada neste momento que aponte para essa hipótese. A Quercus e a LPN são duas associações que apesar de partilharem muitas posições e temáticas, têm matrizes e formas de trabalhar distintas, pelo que não me parece que as vantagens que existiriam de uma eventual fusão superassem as desvantagens da mesma. Estar a teorizar muito mais sobre uma hipótese, que neste momento não se coloca nem remotamente, seria completamente extemporâneo.

Apesar de existir um óptimo relacionamento entre as duas ONGA, permitindo que em diversas temáticas relevantes seja possível coordenar posições e acertar agendas, julgo que existe um papel distinto para cada uma das duas ONGA na sociedade portuguesa.

Pode adiantar-nos que outras novidades podemos esperar da Quercus no curto e médio prazo?

Vamos por exemplo tentar fortalecer a nossa intervenção em algumas áreas temáticas menos desenvolvidas, potenciar a ligação e o trabalho conjunto entre as várias estruturas da associação, tentar criar uma lógica de maior equilíbrio a nível nacional e desenvolver o plano de formação existente. Estamos também a preparar o lançamento de um novo projecto na área das florestas, um projecto de que muito em breve teremos novidades mais detalhadas, e que pretende intervir decisivamente na forma como a sociedade portuguesa olha para este património.

Ao nível externo vamos manter a aposta na interposição de processos judiciais, em situações em que outra solução não é possível, e intervir de forma mais alargada nas várias áreas temáticas que trabalhamos, de modo a continuarmos a marcar a agenda ambiental em Portugal, tanto ao nível da intervenção política, da resposta a denúncias e a pedidos de informação, da participação em debates, etc.

Foto: Semanário Linhas de Elvas





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