“Fazemos da transição energética o tema central da nossa estratégia “, Maria Rebelo, CTT



O Grupo define a sustentabilidade como um dos seus principais eixos de atuação e como um forte compromisso da sua atuação diária: “Faster, Better, Greener”.

A estratégia de sustentabilidade dos CTT está alinhada com a ambição de limitar o aquecimento global a 1,5ºC até 2030 e também com os interesses e as prioridades das partes interessadas em matérias responsabilidade social e ambiental, quem o afirma é Maria Rebelo, diretora de Sustentabilidade dos CTT.

Que passos têm sido dados para fazerem dos vossos negócios exemplos da tão necessária transição energética? Como é que estão a reduzir a vossa pegada?

A transição energética é central na nossa estratégia, com a sustentabilidade como um dos principais eixos de atuação: “Faster, Better, Greener”. A nossa estratégia de sustentabilidade está alinhada com a ambição de limitar o aquecimento global a 1,5ºC até 2030 e também com os interesses e as prioridades das nossas partes interessadas em matérias responsabilidade social e ambiental.

Definimos três metas principais: 50% de veículos elétricos na última milha até 2025 e 100% até 2030, uso exclusivo de embalagens recicladas ou reutilizáveis até 2030, e reduzir a pegada carbónica em mais de 50% até 2030 comparado a 2021. Triplicámos a frota elétrica em dois anos, com previsão de 30% em breve.

Além disso, adquirimos energia verde, usamos renováveis nos nossos edifícios, e participamos em projetos de energia com painéis solares em 40 localizações. Destacamos ainda os cacifos Locky. Esta é uma oferta inovadora e menos poluente, uma vez que um só cacifo permite a receção de várias encomendas, evitando a dispersão na deslocação de veículos em ambiente urbano.

Neste momento, são já mais de 800 os cacifos Locky que podem ser encontrados de norte a sul do País. Promovemos a economia circular, com mais de 80% das embalagens já recicladas, e objetivo de 100% até 2030. Na Filatelia, usamos papel reciclado e incorporámos pó de pinha do Pinhal de Leiria numa emissão recente. Por fim, a campanha “Uma Árvore pela Floresta” já plantou mais de 135 mil árvores nativas em Portugal nos últimos 11 anos.

De que forma é que a mobilidade elétrica nos CTT é a vossa aposta para o futuro?

A atividade das frotas no setor postal e logístico, considerado um setor “castanho”, representa a maior parte da pegada carbónica global. Cientes disso, temos urgência em avançar nesta transição. Desde os anos 90, os CTT têm veículos elétricos na frota. Os nossos objetivos de reduzir a pegada carbónica e operar exclusivamente com veículos elétricos na última milha até 2030 são ambiciosos.

Anualmente, os CTT percorrem cerca de 70 milhões de quilómetros com frota própria, além de 125 milhões em rotas subcontratadas, cerca de 80% destes são na última milha, onde já operamos com mais de 750 unidades. Além da eletrificação da frota, estamos a expandir nossa rede de carregamento com cerca de 500 carregadores. Ao usar eletricidade de fontes renováveis, a transição para mobilidade elétrica tem impacto positivo na mitigação das alterações climáticas e poluição local. Além disso, os carteiros percorrem quase 2 milhões de quilómetros a pé por ano.

Quais os maiores desafios na transição energética da empresa?

O programa de descarbonização dos CTT baseia-se na eletrificação das frotas. O mercado de veículos elétricos tem evoluído em Portugal e Espanha, mas há muitos desafios. A experiência dos CTT com a frota elétrica permitiu-nos identificar os pontos fortes e fracos. Os veículos elétricos, com a autonomia atual, viabilizam a transição para grande parte dos circuitos de distribuição.

Contudo, as infraestruturas de carregamento para frotas intensivas ainda são insuficientes, sendo uma dificuldade. Para resolver, instalámos uma rede própria de carregamento e procuramos mais soluções. Outro desafio é a descarbonização da cadeia de valor. Prestadores da última milha em Portugal e Espanha já usam veículos elétricos, mas ainda em pequena escala. O alinhamento estratégico com os parceiros será prioritário nos próximos anos.

A economia circular desperta o interesse dos consumidores, que cada vez mais aceitam produtos de segunda mão e embalagens recicláveis. Os CTT têm investido na economia circular com parcerias e projetos inovadores para dar nova vida aos resíduos, uma área com grande potencial e crescimento.

Os CTT foram distinguidos com desempenhos de topo a nível mundial nos dois rankings de sustentabilidade em que participam: o Carbon Disclosure Project (CDP) e o Sustainability Measurement and Management System (SMMS) do IPC. Como é que avaliam este desempenho?

Receber estes prémios é motivo de orgulho e compromisso, refletindo o nosso esforço contínuo em sustentabilidade. Temos o compromisso de seguir as medidas alinhadas à redução da pegada carbónica e combate às alterações climáticas. Em 2023, alcançámos o A- no CDP Climate Change, acima da média europeia (B) e mundial (C) no setor de transporte e logística, atingindo a liderança. No ranking SMMS do IPC, obtivemos 79%, subindo 6 pontos face a 2022, mantendo o 5.º lugar entre 23 operadores postais.

O International Post Corporation destacou o aumento da frota elétrica dos CTT e a redução das emissões carbónicas, além dos avanços em saúde e segurança no trabalho, o que nos motiva a seguir com esta estratégia.

Qual a estratégia dos Correios para os três eixos do ESG ?

Em 2022, anunciámos a nossa estratégia ESG para 2025 e 2030, com objetivos ambiciosos. Promovemos o bem-estar dos trabalhadores e temos destaque em segurança rodoviária. Mantemos a nossa rede de retalho em todos os municípios e procuramos alcançar a paridade de género na gestão de topo e média até 2025, com foco numa cultura centrada nos colaboradores. Implementamos ações para flexibilizar o trabalho, conciliar vida pessoal e profissional, e promover igualdade e diversidade.

Somos certificados como Empresa Familiarmente Responsável, reconhecida pela promoção da saúde mental e produtividade dos colaboradores. Reforçamos a nossa presença em Portugal e Espanha e incentivamos a participação de colaboradores em programas sociais. Temos o compromisso de investir 1% do EBIT Recorrente em projetos sociais que utilizem as competências dos CTT. No âmbito ambiental, aceleramos a descarbonização e introdução de veículos alternativos, com meta de operar exclusivamente na última milha com estes veículos até 2030.

No governo societário, promovemos boas práticas e o envolvimento das partes interessadas, com compromisso de paridade de género na gestão. Pretendemos ainda introduzir incentivos ESG para 50% da gestão até 2025. O principal desafio na utilização da cultura sustentável é entender como comunicar e promover a Responsabilidade Social na empresa.

De que forma é que isso está a ser feito nos CTT?

A comunicação das iniciativas de sustentabilidade dos CTT é constante e a participação ativa dos trabalhadores é incentivada. Não é por acaso que os colaboradores dos CTT são convidados regularmente a participar em ações de voluntariado empresarial, bem como nos programas sociais e ambientais em que empresa investe e promove.

Em 2023, o programa de voluntariado conheceu uma mudança de paradigma que lhe conferiu um grande impulso. As ações de continuidade de um número limitado de voluntários deram lugar a intervenções pensadas para cada direção ou departamento, tornando- se mais dirigidas e adequadas aos seus participantes. Do programa fazem parte ações, tais como atividades de limpezas de praias, plantações, doação de refeições, cabazes e bens diversos, atividades de lazer junto de população sénior, o apoio logístico a associações, entre outras.





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