FCA e FAO levam segurança alimentar à Angola rural
A Faculdade de Ciências Agrárias (FCA), da Universidade Agostinho Neto, e o fundo das Nações Unidas para a Agricultura (FAO) lançaram há dois anos, em Angola, o Gabinete de Estudos para a Agricultura Camponesa. O objectivo é dar à população rural o acesso a uma alimentação suficiente, segura e nutritiva, obtida através das boas práticas agrícolas.
O projecto, que tem sido apoiado por especialistas em agronomia, entre outros, pretende, através de seminários, ajudar os camponeses a seguirem boas práticas agrícolas, com vista à produção de alimentos em quantidade e qualidade.
A experiência piloto foi lançada na comunidade de Ngongowinga, perto da fazenda experimental da FCA, local onde foram feitos trabalhos com os camponeses no âmbito da segurança alimentar.
“Os camponeses estão a sentir a diferença relativamente à produção que tinham anteriormente e são sensibilizados no sentido de evitarem queimadas e outras práticas agrícolas que atentem contra o meio ambiente. [Desta forma] podem fazer o uso mais relacional dos solos e obter, como resultado, maior qualidade na produtividade, com menos gastos”, explicou ao Jornal de Angola o decano da faculdade, Guilherme Pereira.
Segundo o responsável, até agora a agricultura praticada no Huambo tem sido de subsistência. O objectivo agora é permitir ao camponês, para além de produzir alimentos para consumo próprio, ter também alguma rentabilidade e melhorar o seu nível de vida.
“No programa de segurança alimentar, o papel da Faculdade de Ciências Agrárias é o de produzir a massa científica, trabalhar com os pesquisadores que temos, tanto angolanos como estrangeiros, no sentido de dar uma formação mais integral aos futuros engenheiros agrónomos e florestais, para que possam desempenhar um papel transcendental no âmbito da segurança alimentar no futuro”, continuou Guilherme Pereira.
Ainda de acordo com o decano, só este ano foram semeados mais de três hectares de hortícolas na fazenda experimental da Faculdade de Ciências Agrárias, produtos que serão comercializados para angariar recursos para a própria fazenda.
“Todos os estudantes da Faculdade de Ciências Agrárias estão vinculados à área experimental, onde desenvolvem os seus projectos de pesquisa e produzem alimentos para auto-sustento da comunidade universitária e para a população da província”, revelou Guilherme Pereira, que acrescentou ainda que um dos problemas de Angola “é alimentar” e que os futuros engenheiros agrónomos têm “a responsabilidade de produzir alimentos de qualidade para a população”.
Também contactado pelo Jornal de Angola, o representante da FAO no Huambo, Ilídio Barbosa, revelou que mais de 70% da população angolana é camponesa e precisa de apoio do executivo.
Aliás, a FAO está também a desenvolver um programa especial de segurança alimentar em Luanda, e outro de boas práticas de segurança alimentar e a de escolas de campo nas províncias do Huambo e Bié.
O projecto das boas práticas de segurança alimentar está também a ser desenvolvido nas localidades do Bailundo, Caála, Longonjo e Ngongowinga, aqui em parceria com a ADRA (Acção para o Desenvolvimento Rural e Ambiente) e o Instituto de Desenvolvimento Agrário.
Saiba mais do projecto no Jornal de Angola.