FCT NOVA recebe financiamento de 2,5 milhões de euros para investigação em Crio-Microscopia Eletrónica
A NOVA School of Science and Technology | FCT NOVA recebeu um financiamento de 2,5 milhões de euros, por parte da União Europeia, no âmbito da iniciativa ERA Chairs Actions, para o estabelecimento do primeiro grupo de investigação em Portugal na área da Crio-Microscopia Eletrónica (cryoEM) para Biologia Estrutural, informou em comunicado.
Segundo a mesma fonte, integrado na Unidade de Ciências Biomoleculares Aplicadas (UCIBIO-i4HB) da FCT NOVA, o projeto CryoEM@NOVA conta com a coordenação do Investigador Coordenador Hartmut Luecke e visa, ao longo dos próximos cinco anos, implementar e dar formação aos seus investigadores em cryoEM, uma área com um impacto significativo nas ciências biológicas.
O projeto CryoEM@NOVA foi desenvolvido em colaboração com Maria João Romão, Professora Catedrática na FCT NOVA e Diretora da UCIBIO, que coordena a implementação do projeto, juntamente com Eurico Cabrita e Ana Luísa Carvalho, membros integrados da UCIBIO.
“O financiamento é muito importante não só para a nossa unidade de investigação (UCIBIO) e laboratório associado i4HB, mas também para Portugal, pois vai permitir criar o primeiro grupo especializado em cryoEM dedicado à investigação e formação nesta técnica de ponta para a Biologia Estrutural. Complementando com a nossa experiência em Cristalografia de Raios-X e em Ressonância Magnética Nuclear, será uma excelente oportunidade única para a formação de novos investigadores nacionais e estrangeiros em Biologia Estrutural”, realça Maria João Romão.
A Biologia Estrutural “é essencial para a compreensão, ao nível atómico, da relação estrutura-função em sistemas biológicos e imprescindível para a descoberta de novos fármacos, com um impacto transversal em múltiplas áreas desde a saúde ao ambiente”. Os métodos tradicionais de Biologia Estrutural “têm sido a Cristalografia de Raios-X e a Ressonância Magnética Nuclear mas, nos últimos anos, o esforço dedicado a melhorar a rapidez e eficiência na determinação de estruturas 3D de macromoléculas biológicas levou ao crescimento exponencial da utilização da Crio-Microscopia Eletrónica”. A crio-microscopia eletrónica “é uma técnica para a obtenção de imagens de amostras biológicas a temperaturas muito baixas (tipicamente -196 ºC) o que permite aos investigadores obter informação estrutural e funcional de grandes complexos de proteínas num estado próximo do nativo, que outras técnicas de biologia estrutural não permitem”, explica o comunicado.
A mesma fonte acrescenta que a cryoEM tem sido utilizada para determinar as estruturas de alta resolução de vários vírus, incluindo o SARS-CoV-2 que causa a COVID-19. Esta informação estrutural “permite aos cientistas perceber o mecanismo pelo qual os vírus infetam as células e é a base para o desenvolvimento de tratamentos mais efetivos”. Outras aplicações incluem a determinação da estrutura de complexos proteicos envolvidos na doença de Alzheimer, cancro ou da fibrose quística, “contribuindo para o entendimento do mecanismo molecular destas patologias e para a identificação de possíveis alvos para o desenvolvimento de novos fármacos”. Este enorme potencial foi reconhecido com a atribuição do Prémio Nobel da Química, em 2017 e tem sido acompanhado por um grande crescimento do número de infraestruturas cryoEM em todo o mundo.
A nova equipa irá constituir o polo FCT NOVA do consórcio CryoEM-PT, do atual Roteiro Nacional de Infraestruturas de Investigação, da Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Integrado na rede CryoEM-PT, o polo da FCT NOVA dará apoio à preparação, expedição e tratamento de dados de cryoEM de amostras de utilizadores do primeiro Crio-Microscópio Eletrónico em território português, instalado no Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia (INL) em Braga, e com inauguração prevista para fevereiro de 2023.
A iniciativa ERA Chairs Actions “traduz-se num mecanismo de financiamento da Comissão Europeia que apoia instituições de ensino superior e de investigação, no sentido de atrair e manter recursos humanos qualificados com o objetivo de potenciar a investigação de excelência nas suas áreas de ação”, conclui