Florestas tropicais da bacia do Congo diminuem 1% a 5% ao ano devido ao abate ilegal



As florestas tropicais da bacia do Congo, considerada como “segundo pulmão do planeta” a seguir à Amazónia, estão a diminuir 1% a 5% ao ano devido ao abate ilegal de árvores e à exploração mineira, revela um estudo.

Com 30% da área florestal da região perdida desde 2001, esta degradação “ameaça os meios de subsistência de milhões de pessoas, que dependem dos recursos destas florestas”, e compromete o seu “papel regulador no ciclo das chuvas e no processo de sequestro de carbono em África”, alerta o Centro de Estudos Estratégicos sobre África num relatório agora publicado.

Liderada por redes criminosas que exploram “lacunas no quadro regulamentar” com a cumplicidade oficial alimentada pela corrupção, a pilhagem destas florestas, que se expandem por cerca de 200 milhões de hectares, custa ao continente 17 mil milhões de dólares (cerca de 16,2 mil milhões de euros) por ano, segundo a instituição académica criada pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos.

Seis países – Camarões, República Centro-Africana (RCA), República Democrática do Congo (RDCongo), Guiné Equatorial, Gabão e República do Congo – albergam a maior parte das florestas da bacia do Congo, que, por sua vez, representam 70% da cobertura florestal do continente africano.

Apesar dos esforços para melhorar a aplicação da lei, a governação e o comércio, “a ilegalidade persiste ao longo de toda a cadeia de abastecimento”, em particular no que diz respeito às madeiras raras cujo abate é ilegal, a maioria das quais é exportada para a China, segundo o estudo.

“A degradação anual da floresta tropical da RDCongo gera emissões de carbono equivalentes às de 50 centrais elétricas a carvão a funcionar durante um ano inteiro”, refere o relatório, que apela a uma melhor proteção deste “tesouro inestimável”.

As investigações neste país revelaram que “as empresas madeireiras subornam regularmente ministros e outros altos funcionários para obterem concessões florestais ilegais, evitarem sanções por exploração excessiva e exportarem para além das quotas”, de acordo com o documento.

Nos Camarões, o ministério das Florestas e da Vida Selvagem está classificado entre as 10 instituições governamentais mais corruptas do país, e classificado em 140.º lugar entre 180 no Índice de Perceção da Corrupção 2023.

Para salvar a floresta, o relatório recomenda o reforço da cooperação em matéria de segurança entre os países em causa para combater as redes criminosas e os grupos armados “cada vez mais sofisticados”, bem como o alargamento das imagens de satélite para melhorar a vigilância.





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