Gaia: monitorização de todos os equipamentos de energia poupa €100.000 por ano



As agências municipais de energia nem sempre correspondem às expectativas em si criadas, mas a Energaia, responsável pela dinamização dos sectores de energia e ambiente em seis municípios a sul do Douro, não é uma agência qualquer.

A sua proactivadade pode ser comprovada por um grupo alargado de projectos de utilização racional de energia, eficiência energética e renováveis – entre eles o Gaia Global, um dos primeiros projectos portugueses no âmbito das cidades digitais que possibilitou a desmaterialização de serviços municipais e redução de emissões de CO2. Mas é no Observador de Sustentabilidade que a agência ganha pontos – e muitos – na sua missão.

Baseado numa plataforma online, o projecto permite monitorizar a gestão energética de todos os serviços municipais, edifícios, instalações desportivas, museus, bibliotecas, redes de iluminação pública, escolas ou frotas municipais.

Segundo Luís Castanheira, o Observatório tem a sua génese na experiência obtida no Gaia Global. Depois, ele bebeu as competências da Energaia ligadas à área da eficiência energética e às soluções tecnológicas hardware e software.

“O Observatório permitiu uma análise de facturas [municipais] de energia (eletricidade, gás natural, propano, gasolina e diesel), através da capacidade de emissão de relatórios gerais, levou à anulação ou adequação de contratos e à instalação de baterias de condensadores em edifícios municipais”, explicou ao Green Savers o administrador-delegado da Energia. “Ambas as medidas têm contribuído directamente para uma poupança anual de cerca de 100.000€ na factura energética municipal”, continuou.

O investimento do Observatório ronda os €60.000, segundo Luís Castanheira, um valor referente à componente de desenvolvimento técnico. Antes, já tinha sido feito o cadastro das infra-estruturas e equipamentos municipais e, por estes dias, monitorizam-se estas infra-estruturas.

O projecto permite perceber, ao detalhe, que computador ou candeeiro público está a gastar mais energia, ainda que este grau de monitorização esteja dependente de um conjunto de equipamentos de campo.

“A Energaia está a promover a integração, no Observatório, de dados que vários Sistemas de Gestão Técnica Centralizada recolhem em tempo real. O objectivo passa por promover funções de alertas de oportunidades de melhoria da eficiência energética dessas instalações. Estamos ainda a validar um conjunto de equipamentos de campo que permita, com um baixo custo, obter dados de consumo de vários equipamentos municipais”, continuou Luís Castanheira.

Uma mina de ouro para a Energaia?

No final de Janeiro, o Observatório da Sustentabilidade foi galardoado no Green Project Awards 2014 (GPA), mas os seus dinamizadores há muito que conheciam as potencialidades do projecto. De acordo com o administrador-delegado, a Energaia tem sido abordada por entidades portuguesas e estrangeiras para avaliar a possível integração deste sistema noutras realidades.

A entidade confiou ao IPP (Instituto Politénico do Porto) a avaliação das potencialidades do projecto para a CIM do Tâmega e Sousa, mas é certo que a iniciativa é transportável para os edifícios e equipamentos privados. “A ferramenta está adaptada para todo o tipo de entidades públicas ou privadas. A informação está definida em seis sectores – edifícios, abastecimento e tratamento de águas, recolha e tratamento de resíduos, iluminação pública, frotas e outros consumidores – mas a gestão energética deve sempre ser realizada, seja qual for a natureza da entidade”, explicou Luís Castanheira.

“Existe um conjunto alargado de oportunidades de redução de consumos e emissões e será sempre necessário validar no tempo a implementação dessas mesmas oportunidades. É nesta validação e nomeadamente no modelo ECO.AP, que a segunda fase de desenvolvimento do Observatório pretende dar resposta”, concluiu.

No futuro, a Energaia prevê lançar outros projectos “de cariz inovador”, ainda que seja “prematuro” revelá-los. Se eles seguirem os passos do Gaia Global, do Observatório da Sustentabilidade ou do regulador de fluxo na iluminação pública, também promovido pela Energaia, então eles estarão no bom caminho.

Este artigo faz parte de um vasto trabalho sobre os vencedores do Green Project Awards 2014. Todos os vencedores da iniciativa portuguesa podem ser consultados neste link.






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