Gás de xisto norte-americano chegou ontem pela primeira vez à Europa – e a Portugal
O primeiro navio com gás de xisto proveniente dos Estados Unidos com destino à Europa chegou ontem de manhã a Portugal, mais precisamente ao terminal de gás da REN no porto de Sines. O gás foi contratado pela Galp e, segundo a empresa, vai servir para abastecer os “clientes domésticos, empresariais e industriais” em Portugal e Espanha.
Segundo o Dinheiro Vivo, chegaram a Sines, no total, 174 mil m3 de Gás Natural Liquefeito (GNL) proveniente do gás de xisto dos EUA, um volume que corresponde “a uma semana de consumo de gás em Portugal ou 2% do total consumido no país no ano passado“, acrescenta ainda a Galp.
É também o equivalente a 1% das compras anuais de gás natural da empresa, que servem para abastecer Portugal mas também para vender no mercado internacional. Este negócio, chamado de trading, consiste na compra e venda de GNL no mercado spot internacional que é uma espécie de bolsa de energia.
A chegada deste – polémico – gás de xisto, explicou a Galp ao Dinheiro Vivo, foi uma “oportunidade do momento”.“Foi uma compra no mercado spot que, por definição, resulta de um conjunto de circunstâncias pontuais que podem ou não voltar a repetir-se”, comentou a empresa ao Dinheiro Vivo.
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Os preços do gás de xisto são mais baixos que o gás que vem da Argélia e Nigéria e o navio que ontem atracou no porto de Sines, chamado Creole Spirit, saiu a 15 de Abril do terminal de Sabine Pass, situado na fronteira do estado do Luisiana com o Texas, nos EUA.
Foi fretado pela Cheniere Energy, uma empresa do Texas, que foi a primeira a explorar uma das gigantescas reservas de gás de xisto nos EUA e, em poucos anos, passou de pequena companhia estatal para uma gigante mundial.
A Cheniere Energy foi a primeira companhia de energia norte-americana a exportar gás para o mundo – o que aconteceu apenas em Janeiro deste ano – num momento que marcou uma viragem no panorama energético mundial. Até agora, os EUA eram um país importador de gás, mas a descoberta de gigantescas reservas de gás de xisto e a sua produção em quantidades muito superiores às necessidades do país que tornaram urgente a construção de terminais de transformação do gás no seu estado natural em GNL, ou seja, naquele que permite ser transportado por navio e, por isso, exportado.
O primeiro navio saiu de Sabine Pass em Janeiro e já seguiu para o Brasil – dois carregamentos – Argentina, Índia e Ásia. Portugal recebeu o sexto carregamento da empresa, o primeiro para a Europa.
Foto: Simon Fraser University – University Communications / Creative Commons