Gatos têm quase 300 expressões faciais diferentes para comunicarem uns com os outros
No universo dos chamados animais de companhia, os gatos são considerados menos expressivos, pelo menos comparando com os cães. São vistos como mais desligados dos cuidadores humanos, com um aparente curto repertório de manifestações exteriores do que sentem e pensam.
Contudo, uma aspirante a médica da Universidade do Kansas, nos Estados Unidos da América, descobriu que os gatos, na realidade, são mais expressivos do que pensamos.
Lauren Scott, em colaboração com Brittany Florkiewicz, da Lyon College, analisou cerca de três horas de gravações de vídeo de 53 gatos adultos num café dedicado aos felinos em Los Angeles.
Através de um sistema que deteta os mais impercetíveis movimentos faciais em animais (o Animal Facial Action Coding System), as investigadoras recolherem informações quer sobre o número, quer sobre o tipo de movimentos faciais dos gatos, incluindo a posição das orelhas, os piscar de olhos, o movimento dos bigodes, entre outros indicadores.
Feita a análise, descobriram que os gatos têm 276 expressões faciais, que combinam uma diversidade de movimentos faciais e que, segundo as autoras do artigo publicado na revista ‘Behavioural Processes’, têm várias funções sociais.
“Embora cada uma das expressões, em si, não fosse muito complexa – ou seja, não havia uma dezena de movimento diferentes a constituir uma expressão – havia uma grande variedade de diferentes expressões”, explica Scott.
Apontando que as formas como os gatos comunicam uns com os outros não têm sido amplamente estudadas, as cientistas acreditam que aprender a ‘descodificar’ as expressões felinas ajudará os tutores, e os abrigos e associações que os acolhem e deles cuidam, a conseguirem perceber as dinâmicas entre os gatos.
As autoras sugerem ainda que as expressões faciais dos gatos de hoje foram influenciadas pela aproximação aos humanos e pela domesticação. “O processo de domesticação levou a uma maior variedade de interações sociais intraespecíficas entre os gatos”, explicam no artigo.
Os gatos, assim, dispõem de um leque de comportamentos que podem ajudar a estabelecer e a consolidar laços sociais com outros membros da espécie e dos grupo, embora, claro, possam também exibir comportamentos chamados “não-afiliativos”, mais defensivos e desconfiados, ou mesmo agressivos para com outros gatos, exibidos sobretudo no contexto de disputas territoriais.