GEOTA alerta que “apenas 38% dos rios na União Europeia têm água de qualidade”
No âmbito do Dia Mundial da Água, que se assinala na próxima segunda-feira, dia 22 de março, o GEOTA – Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente alerta para o facto de ser necessário repensar o modelo de gestão de água no país para garantir a integridade natural e ecológica dos rios e das espécies nativas.
De acordo com a organização, apenas 38% dos rios na União Europeia têm água de qualidade, e embora os ecossistemas de água doce se encontrem protegidos por legislação europeia e portuguesa, existe uma desresponsabilização do Governo português a este nível e ao incentivo da construção de novas barragens.
“Na Europa, a Diretiva-Quadro da Água visa proteger os habitats e ecossistemas de água doce, assegurando que sejam protegidos e restaurados. O facto de Portugal não assegurar o cumprimento destas medidas é um golpe terrível para os nossos rios e para toda a biodiversidade que deles depende, também devido a não existir um estatuto legal de preservação dos rios livres. Estudos apontam para a existência de mais de 8 000 barreiras identificadas de norte a sul do país, o que é algo extremamente preocupante, uma vez que potencia a deterioração da água e dos habitats ribeirinhos, interrompe o normal ciclo dos nutrientes e sedimentos e coloca em risco a continuidade de inúmeras espécies autóctones, algumas delas ameaçadas, tais como o mexilhão-de-rio, a lampreia, o salmão e a enguia”, informa Ricardo Próspero, coordenador técnico e científico do GEOTA.
“Acreditamos que a melhor forma de contrariar este ciclo de deterioração da biodiversidade e da qualidade da água passa pelo reforço da legislação que ajude a preservar os rios(…)” acrescenta.
É nesse sentido que o GEOTA submeteu uma Iniciativa Legislativa de Cidadãos, com o objetivo de criar um projeto de lei que proteja os rios de Portugal. De momento, a proposta já conta com quase 4 mil assinaturas, mas continua aberta para receber mais.
Para Ricardo Próspero, “Assinar esta proposta é uma forma de ajudar à criação de uma lei que proteja os rios, bem como os seus ecossistemas, habitats e biodiversidade”. Se quer fazer parte desta mudança, deixe a sua assinatura aqui.