GEOTA remove segunda barreira obsoleta no rio Alviela para recuperar conectividade fluvial
O Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA) vai remover no sábado uma segunda barreira obsoleta no rio Alviela, no âmbito do programa Rios Livres, dando continuidade ao trabalho iniciado em 2023, anunciou a associação ambientalista.
A intervenção arranca às 11:00, junto à Azenha de Filhós/Bugalhos, e pretende melhorar a conectividade fluvial e a envolvente ao curso de água num troço entre as localidades de Filhós (Bugalhos) e Louriceira, no concelho de Alcanena, distrito de Santarém.
Segundo o Geota, irá ser removido o açude de Sourinho, uma estrutura antiga e sem utilização há décadas, que tem impactos na circulação de peixes e sedimentos e contribui para a degradação da qualidade da água.
A ação integra um conjunto mais amplo de reabilitação fluvial no Alviela, que inclui estabilização de margens, controlo de espécies invasoras, promoção de espécies autóctones e monitorização da ictiofauna e da dinâmica sedimentar.
Em declarações à Lusa, a coordenadora do Programa Rios Livres do GEOTA, Ana Catarina Miranda, disse que esta é a segunda barreira removida no Alviela, num país onde “existem cerca de 15 mil barreiras à conectividade fluvial identificadas, grande parte delas obsoletas”, causando prejuízos ambientais e diminuição da resiliência às alterações climáticas.
“São estruturas que já não servem qualquer propósito económico ou social e que tendem a provocar impactos ecológicos significativos, desde a limitação das migrações piscícolas à retenção de sedimentos essenciais para combater a erosão costeira”, explicou.
A responsável sublinhou que Portugal tem o objetivo de libertar cerca de 500 quilómetros de rios, no âmbito da meta europeia de remoção de barreiras e recuperação da conectividade em 25 mil quilómetros de cursos de água.
“Atingir esta meta é o objetivo do Estado, mas a capacidade de atuação tem sido limitada. Projetos como o nosso, promovidos por organizações não governamentais e envolvendo a sociedade civil, os governos locais e as instituições académicas, colaboram com o Estado para que seja atingida esta meta”, afirmou.
O projeto no Alviela decorre desde 2023 e inclui mapeamento e priorização de barreiras, participação pública e monitorização.
A intervenção no açude de Sourinho é financiada pela DIMFE, pelo programa internacional Open Rivers e pelo prémio Dam Removal Europe 2023, no valor de 15 mil euros, atribuído ao GEOTA pela remoção do açude de Vaqueiros (a primeira barreira eliminada no Alviela, em abril de 2023), com a segunda remoção a representar um investimento global na ordem dos 100 mil euros.
Segundo Ana Catarina Miranda, o GEOTA pretende remover uma barreira por ano entre 2026 e 2028, dependendo da aprovação de novo financiamento internacional.
“Aprendemos muito com as duas intervenções no Alviela. A partir de sábado, existirão menos duas barreiras nesta bacia, mas o problema é nacional e muito mais vasto”, salientou.
A remoção contará ainda com uma explicação técnica do especialista em reabilitação fluvial Pedro Teiga e com a presença de representantes da Agência Portuguesa do Ambiente, entre outros.
O projeto envolve várias entidades parceiras, incluindo o município de Alcanena, o ISCTE e o Instituto Superior Técnico.