Gosta de fotografias do espaço? Satélites em órbita podem começar a estragar as imagens
Quase todas as imagens que captamos para lá da Terra podem vir a ser afetadas pela luz refletida por satélites, alertam investigadores norte-americanos. O número de equipamentos em órbita disparou para cerca de 15 mil — um valor que, segundo as projeções da equipa, poderá ascender a 560 mil nas próximas décadas. E isso tem consequências diretas: telescópios espaciais como o Hubble, que partilham a mesma zona orbital, começam a registar rastos luminosos deixados por satélites, arruinando fotografias antes úteis para investigação.
Os investigadores estimam que, num cenário futuro, 39,6% das imagens captadas pelo Hubble poderão estar contaminadas por luz refletida de satélites. Nos restantes três observatórios analisados, todos em órbita baixa, o impacto será ainda mais grave: até 96% das imagens poderão ficar inutilizadas.
Telescópios ameaçados por “poluição luminosa espacial”
O alerta surge num estudo publicado na revista Nature, que conclui que a poluição luminosa causada por megaconstelações de satélites pode comprometer seriamente a astronomia feita a partir do espaço. Até agora, os efeitos sobre telescópios terrestres tinham sido amplamente debatidos, mas o impacto sobre observatórios em órbita permanecia pouco estudado.
A equipa liderada por Alejandro Borlaff simulou o campo de visão de quatro telescópios espaciais — Hubble, SPHEREx (NASA), ARRAKIHS (proposta da ESA) e Xuntian (China) — a altitudes entre os 400 e os 800 quilómetros. Com base em bases de dados de lançamentos previstos, os investigadores calcularam que o número de satélites pode atingir 560 mil.
Nessa realidade, cada exposição fotográfica poderá incluir, em média, 2,14 satélites no caso do Hubble, 5,64 no SPHEREx, 69 no ARRAKIHS e 92 no Xuntian — números que, segundo os autores, tornam urgente “minimizar a poluição luminosa” produzida por satélites em órbita terrestre.
Os cientistas alertam que, sem medidas de mitigação, o avanço da astronomia espacial poderá ficar seriamente comprometido — precisamente numa altura em que os observatórios orbitais se tornaram essenciais para estudar o cosmos com detalhe sem precedentes.