Governo diz que Região de Coimbra é exemplo no tratamento de sobrantes agrícolas
O secretário de Estado das Florestas, Rui Ladeira, apontou ontem a Comunidade Intermunicipal (CIM) Região de Coimbra como um exemplo “a replicar” por outras comunidades pela rede de contentores para resíduos florestais e agrícolas que possui.
“Acho que outras regiões têm de colocar aqui os olhos para que projetos como este sejam replicados”, desafiou o secretário de Estado das Florestas, Rui Ladeira, referindo a CIM Viseu Dão Lafões, “vizinha de Mortágua”.
O governante falava hoje em Mortágua, no distrito de Viseu e um dos 19 municípios que integra a CIM Região de Coimbra, que acolheu hoje a assinatura entre a CIM e a Altri, entidade que vai fazer a recolha dos sobrantes florestais.
“Esta CIM fez um trabalho muito positivo de trabalhar em rede para criar parques e colocar contentores para receber os sobrantes florestais, dos jardins e das hortas, um passo importantíssimo para a diminuição do número de ignições”, sustentou.
Rui Ladeira disse que “a grande tentação, agora, no final da apanha da azeitona, é as pessoas queimarem os sobrantes nos seus lameiros e terrenos agrícolas, mas os riscos são enormes e os incêndios podem provocar danos materiais e humanos que ninguém quer”.
No entender do governante, esta rede de contentores “é a alternativa que as pessoas precisavam para não fazerem as queimas” e é também “uma oportunidade de rentabilizar a floresta”.
A CIM Região de Coimbra tem, atualmente, 13 contentores nos municípios de Cantanhede, Condeixa-a-Nova, Lousã, Mealhada, Mira, Montemor-o-Velho, Mortágua, Oliveira do Hospital, Pampilhosa da Serra, Penela, Soure, Tábua e Vila Nova de Poiares
E, segundo o secretário executivo da CIM Região de Coimbra, Jorge Brito, “estão em fase de construção 10 parques, que devem ficar concluídos até junho de 2025”, numa primeira fase, mas “o objetivo é,até ao final do próximo ano, todos os 19 concelhos terem um contentor” para receber os sobrantes agrícolas.
O principal objetivo da rede passa, segundo Jorge Brito, pela “redução do número de queimas e queimadas com a criação de métodos alternativos e, com isso, estão a ser promovidas boas práticas em espaços rurais e a ser valorizada a biomassa lenhosa”.
A rede intermunicipal de contentores florestais tem um investimento de três milhões de euros (ME) e faz parte da Agenda TransForm, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que mobiliza 120 ME.
Jorge Brito apresentou na sessão dados de trabalhos realizados no âmbito da Agenda TransForm, que permitiu registar um decréscimo de incêndios em 43,5%” no território da CIM Região de Coimbra.
Segundo referiu, entre 2014 e 2018 foram registados 529 incêndios e, entre 2019 e 2023, já com projetos em andamento, registaram-se 299 incêndios, o que provocou um decréscimo de 43,5% no número de ignições.
O presidente da CIM Região de Coimbra e autarca de Montemor-o-Velho, Emílio Torrão, assim como o anfitrião, o presidente do Município de Mortágua, Ricardo Pardal, destacou que “a floresta gera muita riqueza” em ambos os concelhos e, por isso, “muito do investimento e do trabalho municipal passa pela preservação e proteção”.
Fazem ainda parte da CIM Região de Coimbra os concelhos de Arganil, Coimbra, Figueira da Foz, Góis, Miranda do Corvo e Penacova.