Grupo de crianças descobriu ossadas de pinguim gigante pré-histórico
Um grupo de crianças do Hamilton Junior Naturalist Club (Junats) descobriu há 15 anos, durante uma atividade à procura de fósseis, uns ossos de pinguim. A descoberta foi feita em Kawhia Harbor, Ilha do Norte, na Nova Zelândia, e sabe-se agora que se trata de uma nova espécie de pinguim, nunca antes identificada, do género Kairuku.
A equipa de investigadores da Massey University e do Bruce Museum visitou o Museu de Waikato, a quem foi doado fóssil em 2017, para o analisar. De acordo com os especialistas, trata-se de um pinguim gigante que habitou há 27,3 – 34,6 milhões de anos na Formação Glen Massey, na época do Oligoceno, quando a região de Waikato ainda estava coberta de água. Foi então nomeado Kairuku waewaeroa, o que significa “pernas longas” na língua Māori.
“O pinguim é semelhante aos pinguins gigantes Kairuku descritos inicialmente em Otago [região da Nova Zelândia], mas tem pernas muito mais longas (…). Essas pernas mais longas teriam tornado o pinguim muito mais alto do que os outros Kairuku enquanto caminhava na terra, talvez cerca de 1,4 metros de altura, e podem ter influenciado a velocidade com que ele poderia nadar ou mergulhar”, explica Daniel Thomas, professor na Massey University e um dos autores do estudo.
Como referem no artigo, esta descoberta foi não só importante a nível da evolução dos pinguins, mas também a nível regional; “a Ilha do Sul da Nova Zelândia tem sido historicamente uma das localidades mais produtivas do mundo para fósseis de pinguins, enquanto que os registos da Ilha do Norte foram limitados a alguns fragmentos de espécimes”. Os autores sublinham ainda que os pinguins têm o “registo fóssil mais completo e contínuo do que qualquer clado aviário”.
“O Kairuku waewaeroa é emblemático por muitos motivos. O fóssil do pinguim lembra-nos que partilhamos a Nova Zelândia com incríveis linhagens de animais que se estendem pelo tempo, e essa partilha dá-nos um importante papel de tutela. A forma como o fóssil de pinguim foi descoberto, por crianças a descobrir a natureza, lembra-nos da importância de encorajar as gerações futuras a se tornarem kaitiaki [guardiões]”, aponta Daniel Thomas.