Grupos de chocolate da Europa lideram a oposição ao adiamento da lei da desflorestação da UE
A Nestlé, a Ferrero e mais de 50 outras empresas afirmaram que a decisão da UE de adiar a sua lei histórica sobre a desflorestação está a causar incerteza nas empresas e a pôr em risco o investimento, avança o Financial Times.
Segundo a mesma fonte, a lei, que deveria ter entrado em vigor a 30 de dezembro, proíbe a venda no bloco de produtos fabricados com matérias-primas cultivadas em terras desflorestadas de sete sectores, incluindo o cacau, o óleo de palma, a borracha e a madeira.
Mas a lei tem sido “ferozmente contestada por países produtores como a Indonésia, o Brasil e a Malásia, o que levou a Comissão Europeia a dizer no mês passado que iria adiar a sua aplicação por um ano”, explica o jornal.
Os Estados-Membros já tinham aprovado o adiamento em outubro, estando a votação no Parlamento Europeu prevista para o final deste mês. A nova votação abriu a porta a alterações por parte dos eurodeputados e as principais empresas, especialmente as que dependem da importação de cacau e borracha, estão preocupadas com a reabertura da legislação a alterações.
Em declarações conjuntas, as empresas alertaram para a incerteza que paira sobre a legislação.
Francesco Tramontin, vice-presidente das relações institucionais da Ferrero na UE, afirmou que a possibilidade de novas negociações sobre a lei da desflorestação pode provocar “atrasos desnecessários, aumentar a incerteza e comprometer os investimentos – milhões, em muitos casos – já efetuados pelo sector”.
Bart Vandewaetere, vice-presidente da Nestlé Europe, disse ao FT que a multinacional suíça tinha “trabalhado para cumprir as atuais disposições do regulamento” e que os seus fornecedores tinham dado “passos significativos no sentido do cumprimento”.
Outras empresas que se opõem ao adiamento incluem a Michelin, a cadeia de supermercados Carrefour e as empresas de consumo Mars e Unilever.