Hoje é o Dia Mundial dos Rios. Só um terço dos mais longos do mundo continuam a fluir livremente
Nesta data celebram-se as linhas de água doce naturais de todo o mundo e destacam-se os valores dos rios, com o objetivo de promover a consciencialização pública e incentivar uma boa gestão e a sua preservação.
Sendo a água doce a base da vida no planeta Terra, a sua escassez e o seu uso abusivo e inadequado constituem uma ameaça crescente ao desenvolvimento e à proteção do ambiente e da própria humanidade. A poluição é a principal responsável pela diminuição das reservas naturais de água doce na Terra, reservas essas que são fundamentais para toda a vida existente no planeta. Apenas com consciência do problema e com o envolvimento ativo de todos na procura de soluções é possível garantir a sua preservação nos próximos anos.
Todos os anos são despejados na natureza cerca de 30 biliões de toneladas de resíduos e quem mais sofre com a poluição são os recursos hídricos, já que praticamente todas as formas de poluição acabam por afectar a água. A poluição é a principal responsável pela diminuição das reservas naturais de água doce do planeta Terra, reservas essas que são fundamentais para toda a vida existente no planeta.
Milhares de rios em todo o Mundo encontram-se em sérias dificuldades e sujeitos a ameaças, com o desenvolvimento industrial, a poluição humana e as alterações climáticas.
Segundo dados do Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas Copernicus (C3S) – do Programa Copernicus da União Europeia – a 1 de junho de 2018 4,5% dos rios apresentavam um caudal anormalmente baixo, e a 20 de outubro do mesmo ano, já eram 35,9%, algo inédito desde há 30 anos.
Com o aquecimento global, e o degelo no Ártico, também acabam por receber menos água dos glaciares, defende um estudo. Destacam-se causas como, a redução da precipitação, as ondas de calor que aceleraram a evaporação, o aumento das temperaturas e as consequentes secas, refere a Euronews.
“Prevê-se que a sub-região mediterrânica, que já é a que mais sofre com a escassez de água, seja a mais negativamente afetada pelas alterações climáticas no que toca às secas”, afirma ao canal a equipa do Joint Research Center (JRC).
O facto dos rios terem menos água, conduz à alteração dos ecossistemas e da qualidade da água, prejudica as cadeias alimentares e a sobrevivência dos seres vivos, promove a poluição, e também a acumulação de matéria orgânica.
Sendo a água bem tão necessário para o Planeta e para a vida humana, as populações procuram atualmente maneiras de reverter a situação e preservar este recurso natural.
Monitorização
Apenas um terço (37%) dos 246 rios mais longos do mundo continuam a fluir livremente, de acordo com um estudo publicado na revista científica Nature. Barragens e albufeiras estão a reduzir drasticamente os diversos benefícios que os rios saudáveis proporcionam às pessoas e à natureza em todo o mundo.
Barragens e albufeiras são os principais contribuintes para a perda de conetividade em rios globais. O estudo estima que existam cerca de 60.000 grandes barragens (com paredes maiores do que 15 metros) em todo o mundo, e mais de 3.700 barragens hidroelétricas estão presentemente a ser planeadas ou em construção. Maioritariamente estas barragens são implementadas individualmente, dificultando a avaliação dos seus impactos reais em toda a bacia ou região.
“Este primeiro mapa permite-nos priorizar e proteger os rios de livre curso que restam no mundo, pois estes são linhas de vida para a vida selvagem e para as pessoas”, disse Michele Thieme, cientista na área de Água Doce da WWF e coautor do artigo. “Os rios oferecem diversos benefícios que são frequentemente negligenciados e desvalorizados. Os decisores devem considerar o valor total dos rios quando planeiam novas infraestruturas”.
Rios saudáveis são abrigo e fonte de alimento para as populações de peixes de água doce, que por sua vez asseguram a segurança alimentar de centenas de milhões de pessoas em todo o mundo; fornecem sedimentos que mantêm deltas acima do nível dos mares; mitigam o impacto de inundações e secas extremas; evitam a perda de infraestruturas e campos agrícolas; e sustentam uma grande parte da biodiversidade mundial. Interromper o curso de um rio diminui ou até mesmo elimina estes serviços que os ecossistemas nos fornecem, e que são críticos à nossa própria sobrevivência.