Homem condenado a quatro anos de prisão por abate de 50 abutres na Guiné-Bissau



Um homem foi condenado por um tribunal na Guiné-Bissau a quatro anos e dois meses de prisão efetiva pelo abate de 50 abutres, disse hoje à Lusa o diretor de uma organização de preservação de animais exóticos, Francisco Wambar.

Diretor da Organização para Defesa e Desenvolvimento das Zonas Húmidas (ODZH), Wambar considerou como uma “vitória da justiça, do Estado e do povo da Guiné-Bissau” ver o Tribunal Regional do Norte, em Bissorã, proferir uma sentença por um crime ambiental.

“É a primeira vez que alguém é condenado na Guiné-Bissau por crime ambiental. É uma vitória. Isso servirá de referência para outras espécies até para [abate)] de árvores de madeira”, observou Francisco Wambar.

Em 2020, a ODZH e outras organizações de proteção e conservação do meio ambiente na Guiné-Bissau lideraram um processo de sensibilização à população para que passe a denunciar casos de abate de animais e plantas exóticas.

Até meados de 2022, o diretor da ODZH acredita terem sido abatidos 2.262 abutres nas regiões de Bafatá e Gabú, no leste, e em Canchungo, no norte da Guiné-Bissau, onde, na aldeia de Popal, a população “apanhou, em flagrante, o indivíduo agora condenado no tribunal”.

O homem, originário da Guiné-Conacri, abatia os animais, através de envenenamento para depois retirar a cabeça e as patas, para vender no mercado negro no Senegal, disse Francisco Wambar, oceanógrafo formado no Brasil.

“Acredita-se que aquelas partes do abutre têm poderes utilizados na magia negra”, referiu Wambar, lembrando que os abutres constam da lista negra da União Internacional de Conservação da Natureza (UICN) e que a Guiné-Bissau é o país da costa ocidental africana com maior número de abutres.

O diretor da ODZH afirmou que antes de 2020, a população da Guiné-Bissau desconhecia o abate de abutres e que constituiu uma surpresa para as comunidades o aparecimento de casos de mortes em massa daqueles animais.

Perante o tribunal, o homem disse à justiça que se dedica ao abate de abutres “por não ter trabalho”, afirmou Francisco Wambar, que considerou tal justificação inaceitável.

Além de prisão de quatro anos e dois meses, o homem foi ainda condenado a uma multa de 900 mil francos CFA (cerca de 1.372 euros) e pagamento de custas judiciais.





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