IA pode ser a chave para alimentar 10 mil milhões de pessoas até 2050
A inteligência artificial poderá ser a chave para alimentar 10 mil milhões de pessoas até 2050, face às alterações climáticas e à rápida evolução de pragas e agentes patogénicos, de acordo com investigadores da Universidade de Queensland.
O Professor Lee Hickey, da Aliança de Queensland para a Agricultura e Inovação Alimentar da UQ, defende que a IA oferece oportunidades para acelerar o desenvolvimento de plantas e animais de elevado desempenho para uma melhor sustentabilidade e rentabilidade das explorações agrícolas.
“Os criadores estão a recolher milhares de milhões de pontos de dados, mas o grande desafio é como transformar esta quantidade colossal de dados em conhecimento para apoiar decisões mais inteligentes no processo de criação”, afirmou o Professor Hickey, citado em comunicado divulgado pelo site “Scimex”.
“A IA pode ajudar a identificar as plantas e os animais que utilizamos para cruzamento ou que passamos para a geração seguinte”, acrescentou.
Já o Professor Ben Hayes, co-inventor da previsão genómica, afirmou que a equipa do QAAFI identificou quatro aplicações para a IA na agricultura e na pecuária. “A primeira é decidir o que reproduzir – pode parecer simples, mas esta decisão está a tornar-se mais complexa”, revela o investigador, que considera que, num ambiente “cada vez mais exigente, a aceitação dos consumidores será mais importante, pelo que a IA é uma boa forma de reunir as preferências de milhões de pessoas”.
A segunda utilização “envolve a análise de imagens tiradas em grande escala para captar a variação genética entre linhas de plantas relacionadas e certas características dos animais que pretendemos” e a terceira área é “pegar em marcadores genéticos e utilizar essa informação para prever a qualidade de uma variedade para reprodução”.
O Professor Hayes afirmou que a quarta aplicação da IA estava a mudar a forma como os investigadores abordavam a reprodução. “É uma mudança de olhar para as linhas genéticas individuais para pensar numa população reprodutora como uma coleção de pedaços de ADN que são bons para uma caraterística”, explicou.
Investigadores já estão a combinar a reprodução rápida e a IA em projetos de trigo e cevada
Para o professor, “pode ter-se um segmento cromossómico bom numa linha que, de resto, não é tão boa, mas a IA pode identificar o caminho de cruzamento ideal para o combinar com outros segmentos do genoma e desenvolver um genótipo novo e superior”.
Os cruzamentos necessários para reunir os segmentos benéficos selecionados pela IA podem progredir rapidamente utilizando a “reprodução rápida”, que permite aos investigadores passar por várias gerações muito rapidamente.
“Juntos, a seleção informada pela IA e a reprodução rápida permitem aos investigadores e criadores gerar genótipos muito superiores, prontos para avaliação, em apenas um ou dois anos”, afirma Ben Hayes.
Os investigadores da UQ já estão a combinar a reprodução rápida e a IA em projetos de trigo e cevada que são apoiados pelo investimento da Grains Research and Development Corporation (GRDC) em colaboração com o Departamento de Agricultura e Pescas de Queensland.
Segundo o professor Hickey, “a integração do melhoramento rápido com a genómica e, em particular, com a IA é a nova fronteira do melhoramento vegetal e animal, em que exploramos estes grandes conjuntos de dados”.
“Isso será um virar de jogo, reunindo características desejáveis mais rápido do que nunca, especialmente quando se trata de múltiplas características governadas por vários genes”, conclui.