Identificados 33 tipos de sons diferentes de peixes em investigação pioneira

Investigadores catalogaram pela primeira vez sons produzidos por várias espécies de peixes de águas costeiras de Portugal e identificaram 33 tipos de sons diferentes, indica um estudo divulgado hoje.
Segundo o estudo, do MARE-ISPA, conduzido pela investigadora Noélia Ríos Ruiz (em colaboração com outras instituições), a diversidade sonora captada superou a de outros locais, como o Mediterrâneo, e alguns recifes de coral.
Os 33 tipos de sons distintos, obtidos através de gravações acústicas e sistemas de vídeo subaquáticos, foram obtidos no Parque Marinho Professor Luiz Saldanha (península de Setúbal, no Parque Natural da Arrábida).
Num comunicado sobre o estudo afirma-se que, apesar da presença de 150 espécies de peixes no Parque Marinho, apenas 29 estavam previamente identificadas como produtoras de sons.
Ao contrário do que geralmente se pensa, muitos peixes produzem sons, usando mecanismos como a vibração da bexiga natatória (bolsa que se enche e esvazia e que ajuda no controlo da flutuabilidade), o movimento de músculos específicos e o atrito entre ossos e dentes faríngeos, diz-se no comunicado.
E explica-se que os sons “desempenham um papel crucial na comunicação, na defesa e na reprodução das espécies” e que “podem ser usados para comunicação entre indivíduos da mesma espécie, na defesa contra predadores ou para alertar para eventuais ameaças”.
Em muitas espécies, segundo o documento, os sons são fundamentais durante a reprodução, ajudando a atrair parceiros e a marcar território.
Os investigadores dizem também que os sons, alguns audíveis pelos humanos, podem ser ouvidos consoante a sua intensidade e frequência. Por exemplo, o xarroco emite sons graves e rítmicos, enquanto o rascasso produz sons agudos.
A investigação do MARE-ISPA sublinha a necessidade de sensibilizar o público para a importância da comunicação acústica nos peixes e o papel fundamental da acústica passiva na monitorização da biodiversidade marinha.
“Acreditamos que este estudo terá um impacto significativo na forma como monitorizamos e protegemos os nossos oceanos”, diz Noelia Ríos Ruiz citada no comunicado, destacando a “ferramenta poderosa” que é a acústica passiva e acrescentando: “Este estudo é um marco importante na nossa compreensão da biodiversidade marinha em Portugal”.
A acústica passiva utiliza gravações de sons em meio natural, para diversos fins, sem a intervenção ou interferência do investigador no ambiente.