Ilha do Corvo alvo de estudo pioneiro sobre o impacto da poluição luminosa nas aves marinhas
Está a decorrer na Ilha do Corvo, nos Açores, um estudo pioneiro sobre o impacto da poluição luminosa na população adulta de cagarros (Calonectris borealis). A iniciativa está a ser desenvolvida pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) e a Câmara Municipal do Corvo, com o apoio do Parque Natural da Ilha do Corvo.
Nesta época do ano, o casal de cagarros visita regularmente o ninho durante a noite para alimentar as suas crias. Para analisar de que forma a iluminação pública tem impacto na sua visita, as luzes estão a ser apagadas em dias alternados, entre as 22h00 e as 01h30. A equipa da associação e a investigadora Elizabeth Atchoi, da Fundação para a Ciência e a Tecnologia e do Okeanos – que se encontra a estudar a poluição luminosa e as aves marinhas nos Açores – equiparam 42 cagarros adultos com emissores GEO GPS para conseguir avaliar o seu comportamento.
Como refere a SPEA, a informação existente aponta para que os adultos tenham tendência a afastar-se de zonas iluminadas (ainda que cerca de uma dezena seja desorientada pelas luzes anualmente). A confirmar-se que os adultos tendem a afastar-se de zonas iluminadas, isso pode significar que, em colónias de nidificação com muita poluição luminosa, os adultos poderão ter de tomar uma rota maior para irem ao ninho alimentar a cria, pondo em perigo a próxima geração da espécie.
O estudo-piloto está inserido no projeto Interreg EElabs e enquadra-se no longo trabalho conjunto da SPEA e do Município do Corvo para proteger as aves marinhas, o grupo de aves mais ameaçado do mundo, sensibilizar para a problemática da poluição luminosa, aumentar o conhecimento desta ameaça e contribuir para a minimizar na população nidificante da mais emblemática ave marinha da Macaronésia. A experiência decorre até 12 de agosto e a investigação na Ilha termina a 24 de agosto.