Impactos sociais da implementação de IA nos transportes devem ser “cuidadosamente geridos”
A Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT) alertou hoje que os impactos sociais da implementação de Inteligência Artificial (IA) no setor devem ser “cuidadosamente geridos e avaliados” para acautelar as necessidades de todos os grupos da sociedade.
Esta é uma das conclusões do estudo “Linhas de Orientação para uma Inteligência Artificial”, apresentado hoje pela AMT, durante a conferência que assinala o Dia Mundial do Transporte Sustentável, no Terminal de Cruzeiros de Lisboa.
“Por exemplo, ao planear um sistema de IA que otimize as rotas de transporte público, é crucial avaliar como essas mudanças irão afetar as comunidades locais, especialmente aquelas em áreas menos favorecidas, assegurando que as soluções propostas melhorem a qualidade de vida”, realça a análise.
Adicionalmente, a utilização de tecnologia para melhorar o acesso a transportes em áreas rurais ou periféricas, onde a oferta de serviços é muitas vezes limitada é outro dos exemplos apontados.
“A IA pode ser utilizada para prever a procura e ajustar a disponibilidade de serviços, garantindo que mesmo as comunidades mais isoladas tenham acesso a uma mobilidade de qualidade”, refere o estudo.
A IA pode ainda ser utilizada para ajustar as tarifas de transporte, assegurando que são acessíveis a todos, independentemente da condição socioeconómica dos utilizadores, “promovendo assim uma maior justiça social”, aponta.
Para a AMT, a sustentabilidade social e também ambiental devem ser um “elemento central” em todas as soluções de IA desenvolvidas para este setor.
“Por exemplo, ao ser implementada em sistemas de transporte público, a IA pode otimizar rotas, incentivando a adesão aos transportes públicos, reduzindo o congestionamento e diminuindo as emissões de carbono, o que contribui para um ambiente mais limpo e sustentável”, aponta o estudo.
A AMT apresenta também hoje um outro estudo sobre “Os Desafios da Descarbonização nos Portos, Transporte Marítimo e por Vias Navegáveis Interiores”.
Entre as várias recomendações estão o “cumprimento efetivo da obrigação de os portos, quer marítimos, quer em vias navegáveis interiores, fornecerem alimentação elétrica aos navios atracados a partir da rede terrestre”, como já acontece, por exemplo, nos portos de Oslo e Bergen, na Noruega.
Neste âmbito, a AMT realça que nas medidas de incentivo à utilização de alimentação elétrica terrestre enquanto atracados no porto “poderão ser ponderadas isenções de impostos”.
“Além do transbordo e da logística, o futuro dos portos reside no desenvolvimento do seu papel fundamental como polos de energia”, refere o documento.