Incêndios: Câmaras pedem mais ação e regime fiscal dois anos após o fogo na serra da Estrela



Dois anos após o incêndio na serra da Estrela, os autarcas pedem mais verbas para reparar os danos nas infraestruturas, um modelo fiscal diferenciado, a concretização dos projetos previstos no Plano de Revitalização e menos burocracia.

“Ao fim destes dois anos muitas coisas ainda estão por fazer. Foram feitas algumas, mas outras estão aquém daquilo que poderiam estar”, apontou à agência Lusa o presidente da Câmara Municipal da Guarda, Sérgio Costa.

O autarca deu o exemplo da reflorestação e considerou que “as ações que têm vindo a ser feitas são meros ensaios”.

Sérgio Costa destacou que o Plano de Revitalização para a serra da Estrela, aprovado pelo anterior Governo, tem “medidas musculadas” também nessa área que é preciso implementar.

“Queremos que este plano passe das palavras aos atos no mais curto espaço de tempo. No município da Guarda temos vários projetos para começar a executar. Só precisamos que nos digam onde apresentamos as candidaturas. Estas populações não podem ser esquecidas”, sustentou.

O eleito pelo movimento Pela Guarda realçou a união dos autarcas da serra da Estrela após o incêndio e a pressão que exerceram para que a região fosse compensada.

“Só aconteceu porque os autarcas deram um grito de revolta perante aquilo que tinha acontecido”, assinalou.

Uma das primeiras medidas foi a disponibilização de 2,6 milhões de euros para reparar as infraestruturas municipais danificadas nos seis municípios do Parque Natural da Serra da Estrela.

De acordo com o presidente da Câmara da Guarda há necessidade de haver um reforço deste apoio, porque os valores alocados na altura são insuficientes.

“Já fiz sentir que é preciso um reforço de verbas para estas intervenções. Ninguém tem culpa dos incêndios, mas não pode ser uma vez mais tudo feito à custa do erário público municipal e por isso pedimos ao Governo um apoio adicional”, apontou o autarca.

No concelho de Seia continua por reabilitar uma casa destruída pelo incêndio. O presidente da Câmara Municipal, Luciano Ribeiro, disse à Lusa que o munícipe continua sem a casa e apontou que “burocracias relacionadas com os apoios que foram disponibilizados dificultaram a resposta ágil à população”.

Para Luciano Ribeiro, a região necessita da concretização efetiva do Plano de Revitalização: “Precisamos de ações concretas. Comparando este plano com outros, como o do Pinhal Interior que já leva sete anos e coisas concretas no terreno pouco ou nada há, não queremos que este plano siga o mesmo caminho”, sustentou.

O autarca eleito pelo PS disse que o mais importante para o concelho são os apoios à atividade económica, salientando que deve haver um investimento no aeródromo municipal de Seia quer em valências para empresas quer em valências para a Proteção Civil.

Luciano Ribeiro destacou ainda a possibilidade de se adotar um regime fiscal e aduaneiro diferenciado para a Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela.

“Os municípios já avançaram nos estudos e nas propostas para se poder definir. Esperemos que o Governo possa ver aí também uma vantagem, tendo em conta que este Governo tem uma maior sensibilidade para a questão fiscal”.

O autarca argumentou que no âmbito das regras europeias é possível haver um auxílio maior às empresas que se queiram instalar na região.

O incêndio que deflagrou no dia 06 de agosto de 2022 no concelho da Covilhã (distrito de Castelo Branco) lavrou durante 11 dias na serra da Estrela, estendendo-se aos concelhos de Manteigas, Gouveia, Guarda, Celorico da Beira, Seia e Belmonte.





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