Inteligência Artificial faz subir emissões e consumo de energia do setor tecnológico



As emissões operacionais de carbono das maiores empresas tecnológicas do mundo aumentaram, em média, 150% entre 2020 e 2023, devido ao reforço dos investimentos em Inteligência Artificial (IA) e ao consumo de eletricidade para alimentar centros de dados.

A conclusão é apresenta num relatório publicado esta quinta-feira da autoria da União Internacional de Telecomunicações (UIT), a agência das Nações Unidas para as tecnologias digitais, em parceria com a organização World Benchmarking Alliance (WBA).

De acordo com a análise, as emissões operacionais da Amazon aumentaram 182%, as da Microsoft subiram 155%, as da Meta (detentora do Facebook e Instagram) 145% e as da Alphabet (dona da Google) aumentaram 138%.

O relatório abrangeu um total de 200 empresas da área digital, e das 166 cujas emissões estavam publicamente disponíveis representaram 0,8% de todas as emissões relativas à energia em 2023, isto é emitiram 297 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente, o mesmo que as emissões combinadas da Argentina, Bolívia e Chile. Além disso, as 164 que reportaram consumos de eletricidade representaram 2,1% do consumo elétrico global, com apenas dez empresas a serem responsáveis por metade desse total.

“Avanços na inovação digital – especialmente a IA – estão a fazer subir o consumo de energia e as emissões globais”, aponta, em comunicado, Doreen Bogdan-Martin, Secretária-geral da UIT.

Embora alerte que “é preciso fazer mais para diminuir a pegada [carbónica] do setor da tecnologia”, a responsável reconhece que “a indústria compreende o desafio” e cada vez mais empresas estão empenhadas em reduzir os seus impactos ambientais.

Segundo a análise, das dez empresas que mais consomem eletricidade em todo o mundo, apenas três – a Amazon, a Alphabet e a Microsoft – assumiram já publicamente compromissos para usarem apenas energia renovável nas suas operações globais até 2030.

A IA é o grande motor do consumo de eletricidade no setor energético e, consequentemente, do aumento das emissões, uma vez que entre 2017 e 2023 o consumo de elétrico dos centros de dados, que são usados para desenvolver e suportar a IA, aumentou 12%, um crescimento quatro vezes mais rápido do que a média global.

“As empresas digitais têm as ferramentas e a influência para liderarem a transição climáticas global, mas o progresso não deve ser somente medido pela ambição, mas sim por ações credíveis”, assevera Lourdes Montenegro, diretora de investigação e digitalização da WBA. Para ela, os resultados apresentados neste relatório deixam claro que, apesar de cada vez mais empresas demonstrarem estar empenhadas em trilhar o caminho da neutralidade e da descarbonização, “as emissões e o consumo de eletricidade continua a aumentar”.

Estimativas da Agência Internacional de Energia (AIE) apontam que em 2024 os centros de dados de todo o mundo consumiram 415 Terawatts-hora de eletricidade, ou seja, 1,5% do consumo total global. Se essa tendência de mantiver, a AIE prevê que o consumo de eletricidade dos centros de dados mais do que duplique em 2030, chegando aos 945 Terawatts-hora, mais do que o Japão consome num ano.






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