Final do Concurso Internacional para Estudantes de Arquitetura da Saint-Gobain será em Lisboa
A fase final da 18ª edição do Concurso Internacional para Estudantes de Arquitetura da Saint-Gobain (em inglês, International Saint-Gobain Architecture Student Contest) da Saint-Gobain vai realizar-se em Lisboa, em 2023. O evento foi esta manhã apresentado no Salão Nobre da Câmara Municipal de Lisboa, estando presentes o Presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, o CEO da Saint-Gobain em Portugal, José Martos, e ainda personalidades ligadas à arquitetura, à Saint-Gobain e à Câmara Municipal de Lisboa, o Arquiteto Ricardo Camacho, Coordenadora da Comissão Técnica de Sustentabilidade da Ordem dos Arquitetos, o Arquiteto Vasco Moreira Rato, Adjunto da Vereadora da Habitação e Obras Públicas de Lisboa, o Arquiteto António Lobato Santos, docente na Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa, e a Arquiteta Jéssica Barreto, Coordenadora de Projetos Técnicos e Sustentabilidade da Saint-Gobain.
A competição assenta na realização de um projeto tipo real idealizado para um terreno pertencente à Câmara de Lisboa incluído no
Plano de Pormenor do Aterro da Boavista. O desafio tem como premissa global a sustentabilidade dos edifícios projetados e a criação de condições de bem-estar para os utilizadores, com impacto nas pessoas e no planeta. Espera-se que a Fase Internacional desta edição possa acolher cerca de 100 estudantes de 50 universidades, estimando-se ainda acolher na fase Nacional, em Portugal, propostas de várias Escolas de Arquitetura espalhadas pelo país.
A sessão de apresentação iniciou com o discurso de José Martos, CEO da Saint-Gobain em Portugal: “Em cada Edição do Concurso realiza-se uma primeira Fase Nacional em cada país, que seleciona o projeto representante na Fase Internacional. Em 2023, a Fase Internacional terá lugar em Portugal, e não podemos estar mais satisfeitos por Lisboa ser a cidade escolhida para acolher esta 18ª Edição. Contamos desde o início com o inestimável contributo da Câmara Municipal de Lisboa para tornar este evento possível e estamos certos de que estes projetos arquitetónicos alicerçados na sustentabilidade, ajudarão também a pensar socialmente e culturalmente a cidade”.
Seguiu-se o testemunho de Carlos Moedas, que afirmou que “é preciso mudar completamente o core daquilo que tem sido a profissão dos arquitetos e dos engenheiros”. O Presidente da Câmara de Lisboa destacou três pontos que considera “essenciais” e que fazem parte deste concurso; Em primeiro lugar o próprio conceito, com a ideia da Nova Bahaus Europeia e o objetivo de contribuir para inseri-la num projeto local. Em segundo, a oportunidade para a cidade de Lisboa de pensar o uso dos espaços e ligar vestígios de uma indústria 1.0 a uma indústria 4.0, que tem já um conceito digital. Por último, o impacto social, pelo facto de ser um projeto de arquitetura com uma missão social.
O evento fechou com uma mesa-redonda onde foi abordado o tema da Construção Sustentável e a Iniciativa da Nova Bahaus Europeia, entre os profissionais de arquitetura.
O Arquiteto Ricardo Camacho começou por dizer que as novas gerações de arquitetos vão ter uma nova prática. Sublinhou ainda que este é o momento de “pensar de que forma é que nós podemos desenhar os recursos que usamos, de que forma é que nós podemos também desenhar o impacto do processo de construção, e de que forma é que podemos antecipar o ciclo de vida daquilo que construímos ou projetamos”.
Para o Arquiteto António Lobato Santos, é preciso pensar no futuro: “Não estamos só a criar uma objeto de fruição, mas um instrumento que vai permanecer no tempo, que vai responder a necessidades, que vai alterar-se” – e isso vai sendo transmitido aos alunos na faculdade. Como explica, a academia vai respondendo às necessidades e questões que surgem, agindo sobre os problemas de diferentes formas. Considera ainda que, em termos de sustentabilidade, já se está num nível acima, não se pensando apenas em construir com materiais sustentáveis mas também de forma sustentável. Tornou-se algo “óbvio, como respirar”.
Relativamente à Saint-Gobain, segundo a Arquiteta Jéssica Barreto a multinacional já tem uma estratégia alinhada com a sustentabilidade, no entanto, está a implementar uma estratégia que vem promover uma construção leve e sustentável. Sustentável porque “é impreterível termos a preocupação com o ambiente”, estando a empresa a reduzir impacto da sua atividade e dos seus produtos. Leve, porque é uma “prática construtiva mais amiga do ambiente”, que traz “menos resíduos e desperdício” e que tem uma construção “mais rápida e mais segura”. Como alega, este tipo de construção tem “inúmeras vantagens, seja para o ambiente seja para as pessoas que vão habitar nos espaços”.
O papel da Nova Bahaus Europeia foi abordado pelo Arquiteto Vasco Moreira Rato, que explica que esta propõe uma visão diferente da forma como tem sido tratado o tema da sustentabilidade, numa visão mais holística. Acrescenta ainda que os princípios que a iniciativa defende estão presentes na estratégia do atual executivo municipal, o que é visível, por exemplo, através do desenvolvimento da Carta Municipal de Habitação e da criação do Conselho de Cidadãos, que mostra a vontade de adotar esses princípios na gestão da cidade.
Numa segunda ronda, António Lobato Santos refere que “a questão da descarbonização não assenta apenas na questão da eficiência energética, mas também na gestão dos recursos que nós temos”, mencionado que, como diz aos próprios alunos, os arquitetos e arquitetas “são gestores de recursos ao longo do tempo”. Levanta ainda duas questões importantes: o facto de existir um grande foco nos edifícios novos que ainda não deram provas das premissas para que foram desenhados, sendo importante “ver para lá do imediato e premiar no tempo”; e a necessidade de um maior fortalecimento do uso dos sistemas de certificação ambiental.
Por sua vez, Jéssica Barreto, revela que a Saint-Gobain está a criar um plano de ações com objetivos a 2025, 2030 e 2050 – quando a empresa pretende tornar-se neutra em carbono – que se baseia em três etapas. A primeira, 0% de Emissões de Carbono, que através de várias mudanças pretende reduzir as emissões; a Circularidade, que pretende introduzir resíduos valorizados de outras indústrias e matérias-primas recicladas; e a Saúde e Bem-Estar, que se foca na acústica, na eficiência térmica e na qualidade do ar. É ainda revelada uma aposta na Indústria 4.0.
Embora a Comissão Técnica de Sustentabilidade tenha pouco mais de 1 ano, Ricardo Camacho revela que esta já se distingue por vários feitos. Entre eles está a criação de uma Comissão para a Transição Digital centrada no BREAM, e a criação do Programa de Formação “Da Linha ao Círculo”. O trabalho da mesma tem se focado em três áreas distintas, responder a pedidos de participações públicas, estabelecer relações institucionais com um “novo tecido desta discussão”, as associações, como a Smart Waste Portugal, e nutrir o aconselhamento da Comissão.
Para terminar, Vasco Moreira Rato afirmou que Lisboa “tem enorme orgulho” em ter sido escolhida para receber este evento e que a expectativa face ao concurso é “elevadíssima”.