Investigação orienta o Bangladesh para uma produção de tijolos mais limpa

Um novo estudo realizado por investigadores de Stanford e de outras instituições demonstra a existência de uma via para a obtenção de ganhos ambientais e de saúde pública em sectores com pouca supervisão ou aplicação de regulamentação.
O artigo, publicado na revista Science, centra-se no Sul da Ásia, onde os esforços para regulamentar os fornos de tijolos – entre as maiores fontes de poluição atmosférica e de emissões de gases com efeito de estufa da região – falharam largamente.
O ensaio aleatório controlado testou uma intervenção que envolveu alterações operacionais simples e de baixo custo, como a alimentação contínua de combustível e um empilhamento mais eficiente dos tijolos.
A abordagem reduziu a utilização de carvão em 23% e as emissões de dióxido de carbono em cerca de 20%, melhorando simultaneamente a qualidade dos tijolos e reduzindo os custos do proprietário. O êxito da intervenção levou os responsáveis governamentais do Bangladesh, inicialmente céticos, a encorajar a sua implementação a nível nacional.
Stephen Luby, Lucy Becker Professor of Medicine na Stanford School of Medicine, explica, citado em comunicado que “especialistas e doadores de países de alta renda geralmente estão mais familiarizados com grandes abordagens centralizadas de alta tecnologia, mas 84% da população mundial vive em países de baixa e média renda. Quando se enfrenta uma questão num novo contexto, é um erro começar por considerar o que funciona bem nos EUA ou na Europa, em vez de se envolver profundamente com a situação local. Pouca atenção académica ou de consultoria tem sido direcionada para a melhoria dos processos nas indústrias informais. Isto é um grande descuido, uma vez que 60% de todos os empregos a nível mundial estão no sector informal”.
Já a autora principal do estudo, Nina Brooks, da Boston University School of Public Health, revela que “muitos dos fabricantes de tijolos com quem trabalhámos no Bangladesh queriam esperar e ver os resultados obtidos por outros proprietários antes de alterarem as suas práticas comerciais. Também era importante que os líderes de confiança da associação local da indústria de tijolos apoiassem a abordagem. Alguns destes líderes foram connosco à Índia para aprender com os proprietários de fornos que já estavam a utilizar práticas mais eficientes”.
Para a investigadora, “é fundamental que os adotantes entusiastas destas práticas atuem como embaixadores e partilhem as suas experiências com outros”.