Investigadores portugueses estudam fóssil na Gronelândia que revela a evolução dos primeiros mamíferos



Uma equipa de investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa (NOVA FCT) liderou o estudo de um fóssil inédito na Gronelândia, que fornece informações fundamentais sobre a evolução dos primeiros mamíferos.

O estudo, publicado na revista científica ‘Papers in Palaeontology’, foi conduzido em colaboração com o Museu Nacional da Escócia, o Geomuseum Faxe e a Universidade de Copenhaga, com apoio do Museu da Lourinhã, e os seus autores consideram que reforça a relevância da Gronelândia para a paleontologia.

O novo fóssil, identificado como Nujalikodon cassiopeiae, representa um dos parentes mais antigos dos mamíferos. Viveu no início do Jurássico, há cerca de 200 milhões de anos, e era do tamanho de um rato, alimentando-se provavelmente de insetos. A análise dos seus dentes revelou pistas sobre como os primeiros grupos de mamíferos desenvolveram estruturas dentárias mais complexas, permitindo-lhes uma maior diversificação ao longo da evolução.

A descoberta ocorreu em 2018, durante escavações na região de Lepidopteriselv, na Bacia de Jameson Land, no Centro-Leste da Gronelândia, explica a equipa em comunicado. Os paleontólogos encontraram um pequeno fragmento de mandíbula com um dente bem preservado, o primeiro exemplar deste tipo identificado no Grupo Kap Stewart. O Nujalikodon cassiopeiae pode ser o membro mais antigo conhecido do grupo Docodonta, parentes próximos dos mamíferos.

Estrutura dentária do fóssil de Nujalikodon cassiopeiae. Foto: NOVA FCT.

“Foi emocionante estudar este fóssil e perceber que se tratava de uma nova espécie. A sua dimensão diminuta contrasta com a riqueza de informação que nos forneceu sobre a evolução dentária dos primeiros mamíferos”, destaca, citada em nota, Sofia Patrocínio, investigadora da NOVA FCT e autora principal do estudo.

“Sabemos muito pouco sobre os mamíferos deste período, pois os seus fósseis são extremamente raros. Esta descoberta reforça a importância da Gronelândia como uma região-chave para compreender a sua evolução”, afirma Elsa Panciroli, investigadora do Museu Nacional da Escócia e coautora do estudo.

“O Nujalikodon sugere que os docodontes podem ter surgido na Gronelândia ou na Europa no final do Triássico, antes de se dispersarem pelo Hemisfério Norte”, explica Vicente Crespo, paleontólogo da NOVA FCT e coautor do estudo.

Com um clima quente e sem gelo polar, o Jurássico inicial permitiu uma maior mobilidade dos animais pelo supercontinente. Os docodontes foram um dos primeiros grupos a atingir uma diversidade ecológica significativa, independentemente dos restantes mamíferos. No entanto, os fósseis desta época são escassos, dificultando a compreensão da sua evolução.

O fóssil está atualmente armazenado no Museu de História Natural da Dinamarca, onde continuará a ser estudado para aprofundar o conhecimento sobre os primórdios da linhagem dos mamíferos.






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