Irão paralisado devido à falta de energia e poluição
A escassez de energia e a poluição estão a paralisar o Irão, país com a segunda maior reserva de petróleo e gás, mas onde escolas, universidades, repartições públicas, bancos e tribunais estão fechados em 20 províncias.
Pelo menos 20 das 31 províncias iranianas estão a braços com algum tipo de racionamento de energia face a uma onda de frio que desencadeou o consumo de recursos e evidencia a crise energética que o país persa enfrenta com a falta de investimentos no setor nas últimas décadas.
A chegada de uma onda de frio a diversas regiões provocou um défice diário de 350 milhões de metros cúbicos de gás natural e uma escassez de 50 milhões de metros cúbicos de combustível nas centrais elétricas, o que levou ao encerramento de operações em muitos locais, descreve a agência Tasnim.
Centros educativos de Teerão, repartições públicas e bancos estão encerrados pelo terceiro dia consecutivo, o que se traduziu numa diminuição do trânsito logo pela manhã, medidas que procuram também reduzir a poluição atmosférica.
Além do encerramento de instituições, estão previstos cortes de energia elétrica de duas horas em bairros da capital com cerca de nove milhões de habitantes, o que afeta o comércio e provoca descontentamento na população.
Na semana passada já ocorreram encerramentos na capital e noutras zonas do país devido à forte poluição atmosférica.
O Governo lançou a campanha “Dois graus a menos”, que visa reduzir o consumo de aquecimento nas habitações.
“Se reduzirem o aquecimento das suas casas em pelo menos dois graus, pouparemos muito combustível para que nesta onda de frio possamos fornecer energia a todos”, disse o presidente do Irão, Masud Pezeshkian, num vídeo de lançamento da campanha vestido com um casaco fechado até ao topo.
Para o analista Esfandyar Batmanghelidj este gesto mostra que é mais fácil para o Governo “mudar o comportamento do consumidor” do que resolver os problemas estruturais do setor.
Batmanghelidj afirmou numa publicação nas redes sociais que as sanções económicas dos EUA são “parcialmente responsáveis” pela crise energética, fechando a porta ao investimento ou ao acesso à tecnologia, mas também aponta para a má gestão do Governo, aspeto com o qual o economista Mahmud Jamsaz concorda.
“A escassez de energia no país é o resultado de anos de falta de trabalho, negligência e má gestão por parte dos governos”, disse Jamsaz à EFE.
O analista explicou que nos últimos 20 anos quase não houve investimentos em infraestruturas como refinarias de petróleo ou centrais elétricas, em parte porque o país não tem recursos e não há investimentos estrangeiros dadas as tensões do país com o Ocidente.