Jornalistas impedidos de fazer cobertura de derramamento na Venezuela



Os serviços de informações militares venezuelanos impediram na quarta-feira vários jornalistas de fazer a cobertura de um derramamento de petróleo em El Palito, uma das principais refinadoras do país.

A denúncia foi feita pelo Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa (SNTP) na rede social X (antigo Twitter), na qual divulga o nome de duas jornalistas e de um fotógrafo impedidos de fazer a cobertura pela Direção de Contrainteligência Militar (DGCIM).

“Os funcionários obrigaram as jornalistas e o fotógrafo a apagar o material, inclusive da caixa de reciclagem dos telemóveis, para se poderem retirar da praia, onde na madrugada de 26 de dezembro se registou um derramamento [de petróleo], facto que preocupa pescadores e comerciantes”, disse o SNTP.

Entretanto, um vídeo divulgado nas redes sociais pela Coligação de Sindicatos Petrolíferos mostra o momento do derramamento de um tanque na lagoa de resíduos da refinaria de El Palito, no estado de Carabobo, a cerca de 200 quilómetros a oeste de Caracas, afetando as estâncias balneares de Puerto Cabello.

Apesar da proibição, vários jornais venezuelanos e utilizadores das redes sociais divulgaram fotografias e vídeos nos quais são visíveis manchas escuras alegadamente causadas pelo derramamento e pessoas com equipamento especial a recolher resíduos.

Nas imagens são ainda visíveis manchas e dezenas de peixes mortos nas praias de Puerto Cabello.

Uma foto aérea, divulgada pela organização não governamental Gente de Petróleo, dá conta da dimensão do derramamento, com “11 quilómetros quadrados de extensão, aproximadamente 1.500 campos de futebol”, e que poderá atingir em breve as costas do vizinho estado de Falcón, incluindo o Parque Nacional Morrocoy, indicou a associação.

A Fundação Azul Ambientalistas apontou que entre 2019 e 2023 foram documentados mais de 20 derramamentos de petróleo, provenientes desta mesma refinaria, um dos maiores complexos de refinação de petróleo da Venezuela.

El Palito iniciou as operações em junho de 1960 e tem, atualmente, uma capacidade máxima de processamento de 140 mil barris de petróleo bruto por dia.

Administrado pela empresa estatal Petróleos da Venezuela SA (PDVSA), além de processar vários produtos derivados do petróleo, é responsável pelo fornecimento de gasolina ao país.





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