Jovens africanos receiam que alterações climáticas aumentem conflitos por água



Cerca de 71% dos jovens africanos inquiridos num estudo acreditam que o impacto das alterações climáticas vai aumentar os conflitos por água e pelas terras agrícolas, anunciou a Fundação da Família Ichikowitz (FFI).

“As temperaturas no Sahel estão a subir 1,5 vezes mais depressa do que a média global, afetando a vida das pessoas dependentes dos recursos naturais” e “71% dos jovens inquiridos acredita que os impactos das alterações climáticas irão aumentar os conflitos sobre a água e as terras agrícolas e levar à acumulação de recursos”, segundo o Inquérito à Juventude Africana 2024, da FFI, com sede em Joanesburgo, que entrevistou 5.604 jovens de 16 países, com idades entre os 18 e os 24 anos.

De um modo geral, cerca de 75% dos jovens africanos inquiridos estão preocupados com a escassez de água, indicou a fundação no relatório, que não abrange nenhum país da África lusófona.

“Dois em cada cinco jovens (40%) relatam agora gastar mais de um quarto do seu rendimento no acesso à água potável, um aumento significativo em relação a um quarto dos jovens (26%) em 2022”, lamentou.

A proporção de jovens que gastam mais de metade do seu rendimento em água potável aumentou de um em cada dez (11%) em 2022 para quase um em cada cinco (17%) em 2024, indicou.

Outro problema ambiental, interligado à questão da dependência da água engarrafada como fonte de água potável, são os resíduos de plástico e “quase três quartos (72%) dos jovens africanos declaram estar ‘muito’ ou ‘algo preocupados'” com a questão, disse.

Segundo a Iniciativa Financeira do Programa das Nações Unidas para o Ambiente, estima-se que as economias emergentes em África sextuplicarão a sua utilização de plásticos nos próximos 40 anos, citou.

“Os jovens africanos manifestam uma grande preocupação com as alterações climáticas, mas menos de metade está satisfeita com os esforços governamentais para lidar com as mesmas”, indicou.

Associado aos baixos níveis de satisfação com a abordagem dos Governos às alterações climáticas, 81% dos jovens africanos inquiridos considera que o seu Governo deve fazer mais para as combater.

“Quando se pensa no financiamento para combater as alterações climáticas, metade (53%) dos jovens africanos acredita que o seu Governo deveria defender um financiamento que dê prioridade a soluções para futuras questões relacionadas com as alterações climáticas, em vez de insistir na compensação financeira dos países desenvolvidos (42%)”, declarou.

A contribuição de África para as alterações climáticas, em comparação com países como a China e os EUA, “é insignificante, com as emissões a representarem menos de 5% do total global”, disse.

“No entanto, o continente está a ser afetado de forma desproporcionada, uma vez que é a região mais vulnerável do mundo”, salientou.

A taxa de aumento da temperatura na região acelerou rapidamente nas últimas décadas, aumentando a ameaça e a gravidade dos riscos relacionados com o clima e prejudicando a segurança alimentar, os ecossistemas e as economias, frisou.

De acordo com as Nações Unidas, as alterações climáticas referem-se a mudanças a longo prazo nas temperaturas e nos padrões meteorológicos que conduzem a condições meteorológicas extremas, tais como ondas de calor, incêndios florestais, secas, furacões e inundações, que são questões fundamentais em todo o continente africano, concluiu.





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