Jovens agricultores reclamam apoios imediatos e nova estratégia para os cereais



A Associação dos Jovens Agricultores de Portugal (AJAP) defendeu ontem a urgência de apoios suplementares nesta campanha face aos baixos preços dos cereais ao produtor e a necessidade de rever a estratégia nacional para o cultivo de cereais.

“Importa, no curto prazo, atuar ainda nesta campanha, com apoios suplementares devido aos preços pagos ao produtor, e no médio e longo prazo, redefinir a estratégia para o cultivo de cereais em Portugal”, sustenta a associação em comunicado.

Segundo a AJAP, o preço estimado para o trigo e cevada na atual campanha “pode vir a ser mais baixo do que antes da invasão Ucrânia pela Rússia, em fevereiro de 2022”, o que representa “um cenário arrasador para os produtores”, já que “todos os custos dos fatores de produção dispararam devido à inflação e à guerra”.

“O choque inicial de aumentos foi brutal, mas o que é certo é que, aos dias de hoje, a média do aumento dos preços dos fatores de produção, nomeadamente os mais utilizados, ainda se cifra na casa dos 30%”, enfatiza, concretizando estarem em causa desde os combustíveis à eletricidade, máquinas, fertilizantes, produtos fitofarmacêuticos, sementes e mão de obra.

Embora reconheça que “a Europa deve, obviamente, apoiar a Ucrânia”, a AJAP nota que a “entrada maciça” de cereais daquele país “a baixo custo, também por via da diminuição de tarifas ou até mesmo a sua inexistência, não deveria afetar e agravar, como está a acontecer, a situação já de si débil que os agricultores produtores de cereais europeus têm passado e estão a atravessar”.

Neste contexto, a associação alerta que o novo Governo em funções tem de traçar uma estratégia “realista e exequível” para os cereais em Portugal, “sob pena de os agricultores continuarem a abandonar o seu cultivo, acentuando-se o decréscimo nas áreas de produção”.

Paralelamente, defende que o percentual para o autoaprovisionamento em Portugal de cereais deve ser “ajustado a números devidamente estruturados e assentes em medidas de políticas acordadas entre as principais forças políticas”.

De acordo com os dados da AJAP os cereais equivalem a 3,5% da produção agrícola nacional, representando o milho em grão a componente com maior peso na produção (56%), seguida do trigo (19%) e do arroz (16%).

Em termos regionais, na produção de cereais destaca-se a região do Alentejo (63%) e, depois, a região Centro (22%), “não se verificando grandes alterações desde 2005, com exceção para o milho, que, no caso do Alentejo, por via do Alqueva, tem aumentado a área de cultivo”.

Assim, em termos de área, o Alentejo representa 95% trigo duro nacional, 73% do trigo mole, 80% da aveia, 89% da cevada e 12% do total nacional da área de milho.





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