Junta lisboeta de Avenidas Novas confia “no critério técnico” para remoção de jacarandás



O presidente da junta lisboeta de Avenidas Novas, Daniel Gonçalves (PSD), disse hoje que confia “no critério técnico” das equipas municipais envolvidas na remoção de jacarandás na Avenida 5 de Outubro, tendo como preocupação a preservação do património verde.

“A Junta de Freguesia de Avenidas Novas acompanha com atenção os trabalhos desenvolvidos pela Câmara Municipal de Lisboa (CML), nomeadamente no que respeita à gestão do arvoredo urbano. Reconhecemos que se trata de uma operação complexa, integrada num plano estratégico da cidade, e confiamos no critério técnico das equipas municipais envolvidas, em particular no Departamento da Estrutura Verde”, afirmou o social-democrata Daniel Gonçalves, no âmbito de uma audição na 3.ª Comissão Permanente de Urbanismo da Assembleia Municipal de Lisboa (AML).

O autarca de Avenidas Novas pronunciou-se sobre as intervenções em curso na Av. 5 de Outubro, no âmbito da Operação Integrada de Entrecampos, prevista desde 2018, nos antigos terrenos da Feira Popular, em particular o projeto de construção de um parque de estacionamento subterrâneo, que implica a remoção de árvores, sobretudo jacarandás.

Ressalvando que a junta de freguesia não tem competência direta na decisão sobre abate e transplante de árvores, Daniel Gonçalves realçou o “diálogo próximo” com a CML, a quem expressou a “preocupação com a preservação do património verde”.

“Acreditamos que os esforços de mitigação anunciados, como transplante de exemplares e a plantação de novas árvores, contribuíram para manter e reforçar a qualidade ambiental da zona e reafirmamos o nosso compromisso com uma freguesia sustentável, equilibrada e participativa”, declarou o autarca do PSD, referindo que a junta pretende manter a população informada sobre os desenvolvimentos relevantes deste processo.

O plano inicial da CML previa a remoção de 47 árvores no eixo da Av. 5 de Outubro, onde há 75 jacarandás, definindo que 30 seriam mantidos, 20 transplantados (a que se juntariam dois plátanos) e os restantes 25 abatidos. Simultaneamente, seriam replantados 39 jacarandás, a que se juntariam 49 outras árvores.

Mais de 54 mil pessoas contestaram o abate de jacarandás, através de uma petição criada em 21 de março – Dia da Árvore, e a CML promoveu uma sessão pública de esclarecimento, realizada em 02 de abril, tendo no dia seguinte anunciado o pedido de “um novo esforço de reavaliação” por parte dos serviços técnicos da autarquia e do promotor do projeto quanto à remoção de árvores da Av. 5 de Outubro.

Além disso, a CML informou que, para já, são autorizados “apenas três” transplantes de jacarandás, em vez de 20, explicando que são “exemplares que se encontram numa zona crucial que obriga a trabalhos urgentes no subsolo para requalificação dos coletores de esgoto e condutas de água, que estão em risco e bastante degradados”.

Procurando fazer um ponto de situação sobre este processo, o autarca de Avenidas Novas disse que, até ao momento, foram plantados 15 novos jacarandás, um na Av. 5 de Outubro e 14 junto à estação ferroviária de Entrecampos; foram transplantados três jacarandás, um na rotunda do Rego na Rua Sousa Lopes e dois em Alvalade; estão por transplantar dois plátanos na Av. das Forças Armadas e na Av. Álvaro Pais; e estão por plantar “mais 200” jacarandás, sem informação sobre onde e quando.

Os deputados municipais de IL, Chega e MPT questionaram sobre a avaliação fitossanitária que sustenta a decisão de remoção de árvores e o autarca de Avenidas Novas respondeu que existe um documento de 2019 e que “mais atualizado ainda não existe”, tendo afirmado, depois, que há um relatório publicado em 16 de janeiro deste ano.

“O relatório da câmara é feito por técnicos especializados, portanto, à partida, podemos confiar nos técnicos da câmara municipal. São decisões técnicas às quais a junta é completamente alheia”, afirmou Daniel Gonçalves, referindo que os serviços da freguesia monitorizam o arvoredo, fazem podas e tratamentos, “mas não abates”.

Relativamente à preocupação com a supressão de lugares de estacionamento para residentes, o presidente de junta reconheceu que vai deixar de haver “grande parte” do estacionamento à superfície na Av. 5 de Outubro, mas adiantou que serão negociadas “condições especiais” de acesso ao futuro parque subterrâneo, entre a empresa municipal EMEL e o promotor do projeto, a Fidelidade Property.

Sobre o projeto nos antigos terrenos da Feira Popular, com mais de 42 mil metros quadrados, o MPT manifestou a preocupação com a impermeabilização desta área. Em resposta, o autarca do PSD disse que “vai haver jardim no interior dos prédios, com equipamentos, parque infantil aberto ao público”, afirmando que esta área vai ter “uma parte verdadeiramente verde” e “vai ficar mais bonita, vai ficar de acesso aos peões”.

A 3.ª Comissão Permanente de Urbanismo da AML já ouviu os peticionários contra o abate de jacarandás e tem agendada para segunda-feira a audição da vereadora do Urbanismo, Joana Almeida (independente eleita pela coligação “Novos Tempos” PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança). Também foi endereçado um convite de audição à Fidelidade Property, mas o mesmo foi recusado, com a justificação de “algum incómodo” após interrupção da apresentação na sessão pública de esclarecimento, tendo manifestado disponibilidade para prestar informações por escrito.






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