Lince-ibérico e águia-imperial-ibérica sob risco. A culpa é de um vírus que ataca os coelhos
Investigadores do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos da Universidade do Porto alertam que uma nova variante do vírus da Doença Hemorrágica Viral do coelho poderá ser motivo de preocupação para as populações de lince-ibérico e águia-imperial-ibérica.
O estudo a ser publicado brevemente na revista Science, investigou os efeitos desta nova variante do vírus na conservação dos ecossistemas ibéricos. Os investigadores chegaram à conclusão que esta nova estripe é fulminante e não tem características externas, sendo já responsável por um decréscimo anual de cerca de 20% da população de coelhos na Península Ibérica.
“Enquanto o vírus anterior só afectava a população adulta, nesta variante, os coelhos jovens – inclusive acabados de nascer – são também uma classe muito susceptível da doença”, explica Pedro Monterroso, responsável por este projecto de investigação.
Como consequência directa, os lince-ibéricos na Serra de Andújar e a água-imperial-ibérica na região do Vale do Guadiana estão também a ser afectados. A escassez de alimento provocada pelo vírus, fará com que estes animais reduzam os gastos de energia ao máximo, ficando a função reprodutora relegada para último.
“Pela posição que ocupam, estas espécies são peças fundamentais na manutenção da estabilidade dos ecossistemas e na regulação de outras populações”, alerta Pedro Monterroso.
O estudo vai ser publicado na revista científica Scientific Reports, do grupo Nature.
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