Lisboa: campainhas enigmáticas ganham registo fotográfico no Facebook (com FOTOS)
“Até certa altura havia cuidado no que se colocava à entrada de um prédio. Portas, puxadores e campainhas. Com a substituição gradual pelas versões mais recentes, entendi que teria prazer pessoal em elaborar uma espécie de registo do que ainda existe”.
Entre portas, puxadores e campainhas, David Costa escolheu as campainhas e foi assim que surgiu a Campainha – uma documentação fotográfica das campainhas de Lisboa. Mas só as antigas, porque, “a partir dos anos 1970, as campainhas são todas feias, descaracterizadas e desligadas dos prédios”.
A ideia nasceu do prazer de deambular e observar os pormenores da arquitectura de Lisboa porque, como explicou David Costa ao Green Savers, “os prédios mais antigos não acabam na porta de cada habitação, acabam no último pormenor possível”.
O projecto assume-se como revivalista: “claramente revivalista tal como Lisboa o é”. Para o mentor da Campainha, considerar a capital uma “cidade cool” é “reconhecer que a própria arquitectura e os traços antigos da mesma, juntamente com outros factores, são fulcrais para o património cultural e visual, para a sua identidade e para a própria economia”.
Assim, estes pequenos pormenores que conferem a Lisboa uma alma tão própria devem ser perpetuados, mas David Costa não acredita que estas campainhas sobrevivam por muito mais tempo. “Têm sido o parente pobre dos novos prédios e dos prédios reabilitados”. Contudo, este fotógrafo espera que a sensibilidade dos arquitectos e proprietários aumente e estes dispositivos que passam despercebidos possam ser preservados. “Acredito que no futuro uma nova versão das campainhas, com funcionalidades novas, possa voltar a tocar em Lisboa”.
Apesar de ser um projecto fotográfico pessoal, David Costa indica que os interessados em ajudar a documentar estas campainhas enigmáticas podem enviar as fotografias para a página de Facebook do projecto.
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