Lobo-ibérico: Intensa perseguição no século XX causou “redução significativa” da diversidade genética da espécie
A intensa perseguição humana de que o lobo-ibérico (Canis lupus signatus) foi alvo em meados do século XX “levou a uma redução significativa da sua diversidade genética” da subespécie lupina.
A conclusão é de uma investigação liderada por cientistas do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (BIOPOLIS-CIBIO), da Universidade do Porto, em colaboração com investigador da Universidade de Oviedo.
Num artigo publicado recentemente na revista ‘Molecular Ecology’, escrevem que a população de lobos na Península Ibérica registou um declínio significativo na década de 1970. Em comunicado, apontam que a intensificação da perseguição humana reduziu “consideravelmente” a área de distribuição do lobo-ibérico, “levando à extinção desta espécie em grande parte da região centro e sul da Península Ibérica”.
Através da análise de amostras recolhidas de espécimes de lobos de coleções museológicas em Portugal e Espanha, datadas entre 1910 e 1990, e da comparação com amostras de indivíduos atualmente vivos, os investigadores concluíram que a perseguição resultou numa “perda significativa de diversidade genética nos lobos contemporâneos” devido à forte diminuição populacional de há cerca de 50 anos.
O estudo aponta ainda que o cruzamento, ou hibridação, entre lobos-ibéricos e cães domésticos não terá causado o declínio das populações nos anos 70, pelo que, argumentam, esse fenómeno não será causa da extinção local das populações lupinas nas regiões centro e sul da península. Ainda assim, afirmam que os impactos da hibridação na conservação do lobo-ibérico “requerem mais investigação”.
Em comunicado, as investigadoras portuguesas Diana Lobo e Raquel Godinho dizem, no entanto, que a hibridação lobo-cão será mais expressiva “em áreas onde a população de lobo está a expandir”, mas sugerem que “a baixa frequência desses eventos” não será suficiente para colocar em risco a integridade genética do lobo-ibérico.
Os cientistas consideram que este estudo torna claros “os impactos que uma redução populacional extrema pode ter no genoma das espécies”, e, por isso, defendem que é importante “uma adequada gestão e conservação de espécies selvagens”.