Mais de 20 organizações reúnem-se a partir de hoje para falar de justiça climática
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Representantes de mais de 20 organizações nacionais e convidados estrangeiros participam de hoje a domingo no 10.º Encontro Nacional pela Justiça Climática, debatendo temas como energia, transportes, oceanos ou mineração.
As organizações subscritoras da iniciativa salientam, na convocatória, o contínuo aumento das emissões globais de dióxido de carbono (CO2), do extrativismo e das desigualdades sociais, bem como o crescimento do que chamam de “práticas antidemocráticas”.
Em Portugal, apontam, ainda se aprova a construção de novas infraestruturas emissoras de gases com efeito de estufa (GEE), como aeroportos e gasodutos, há incentivos para o transporte rodoviário individual e destroem-se áreas de proteção ambiental.
E enquanto se vive em “estado de emergência” climática os governos gerem essa crise “assumindo posturas mais negacionistas e mais autoritárias”, perante resistência em “várias frentes” das populações, afirmam as organizações, explicando que é esse o contexto do encontro, para discutir a justiça climática e ações para este ano.
Uma das organizações presentes, a Climáximo, já tem agendado para o primeiro dia de junho uma “assentada popular” no aeroporto de Lisboa, com o lema “parar aviões, travar a crise climática e mais transportes para o povo”.
Na tarde de hoje, os trabalhos do 10.º Encontro começam com uma reflexão sobre a luta climática dos últimos 10 anos, com a presença de ativistas nacionais, mas também da Tanzânia, Reino Unido e Espanha.
E segue no sábado, sempre no Liceu Camões, em Lisboa, com a discussão de planos pela justiça climática, com o debate de estratégias para um novo modelo energético, 100% renovável e socialmente justo, e sobre como os participantes veem o futuro da energia.
As organizações dizem que “travar o colapso climático significa um setor de transportes com zero emissões até 2030”, e organizam uma sessão sobre o tema da mobilidade “compatível com um planeta habitável”.
E outra sessão, da responsabilidade da organização Sciaena, de promoção de um ambiente marinho sustentável, tem na agenda o debate de 14 medidas prioritárias para mudar o paradigma da gestão pública do mar em Portugal.
As lutas contra o “extrativismo verde”, como o lítio na zona do Barroso, os próximos passos do movimento pela justiça climática, ou as contribuições do chamado “sul global” serão também temas dos três dias do Encontro.
O encontro que hoje começa segue-se ao realizado em abril do ano passado em Boticas, Vila Real.
O primeiro Encontro Nacional pela Justiça Climática realizou-se em 2016 em Lisboa, cidade que acolheu a maior parte dos encontros, tendo um deles sido apenas online, devido à pandemia de covid-19. Em 2022 já tinha sido no Liceu Camões.