Mais de metade dos distritos em Moçambique já têm estações meteorológicas
Mais de metade dos 154 distritos de Moçambique já estão equipados com estações meteorológicas, revelou ontem o Presidente da República, nas Nações Unidas, assumindo que esta aposta já permitiu mitigar os efeitos dos ciclones no país este ano.
“Num processo de adaptação às mudanças climáticas, o sistema de aviso prévio é indispensável e desempenha um papel crucial na redução da vulnerabilidade e no aumento da resiliência das comunidades”, afirmou Filipe Nyusi, ao intervir em Nova Iorque, na sede das Nações Unidas, na Cimeira sobre Ambição Climática.
“Temos estado a reforçar a nossa capacidade de resposta através de observação, previsão, partilha de informação meteorológica e comunicação. A nossa aposta destaca a expansão e modernização da rede de observação meteorológica através da iniciativa ‘Um Distrito, Uma Estação Meteorológica’. Dos 154 distritos existentes no país, 88 ou seja 57% já possuem estações meteorológicas”, avançou ainda.
O chefe de Estado moçambicano participou ontem à tarde uma das sessões temáticas de alto nível daquela cimeira, que se realizou à margem da 78.ª reunião anual da Assembleia Geral das Nações Unidas, e destacou que “como resultado deste esforço”, o recente ciclone tropical Freddy, “apesar da sua magnitude”, em Moçambique “não causou mortes acentuadas relativamente a outras geografias por onde passou”.
“E isto foi devido à prontidão e ao sistema de aviso prévio instalado no país que, embora assim, ainda precisa da sua expansão”, afirmou ainda.
As chuvas intensas e a passagem do ciclone Freddy afetaram, no primeiro trimestre, mais de 1,3 milhão de pessoas em Moçambique, destruíram 236 mil casas e 3.200 salas de aula, além de 306 mortos, segundo dados oficiais anteriores.
“No âmbito da observação meteorológica, começamos, com o apoio do Banco Africano do Desenvolvimento, a implementar um projeto de instalação de três radares meteorológicos e o primeiro, com um raio de 400 quilómetros, já foi instalado no centro do país. Contudo, o país precisa, no total, de sete radares para fazer a cobertura plena da observação em todo o território”, acrescentou.
Filipe Nyusi, que é ‘champion’ da União Africana para a Gestão de Riscos de Desastres, recordou que num evento organizado em colaboração com a Comissão da União Africana, Organização Mundial de Meteorologia e o Escritório das Nações Unidas para a Redução de Riscos de Desastres, foi já lançado o quadro institucional para aviso prévio “Ação antecipada de Múltiplos riscos” e o respetivo programa de implementação.
“Em 2022, em Maputo, os governos dos países da África Austral adotaram a Declaração de Maputo para o estabelecimento de um sistema integrado de aviso prévio à ação antecipada na nossa região e no mesmo ano, assinaram a Declaração de Maputo para a Proteção e Conservação da Floresta de Miombo, um ecossistema importante no sequestro de carbono”, disse, no mesmo fórum.
A nível da transição energética, o Presidente de Moçambique avançou que na produção de energia elétrica, cerca de 70% da produção em Moçambique vem de fontes hídricas e 14% de gás natural: “E na produção de energia solar, saímos de zero megawatts em 2011, para 82,12 em 2022”.
“Convido aos governos, organizações internacionais, operadores do setor privado, organizações filantrópicas e outros para se juntarem a estes e outros esforços rumo ao mundo resiliente e adaptado às mudanças climáticas, olhando para a África como o continente que mais precisa”, concluiu.