Mais de um milhão de tartarugas marinhas caçadas ilegalmente nas últimas três décadas. Mas há sinais de recuperação



Entre 1990 e 2020, foram caçadas ilegalmente cerca de 1,1 milhões de tartarugas marinhas em todo do mundo, mas desde o início do milénio a ameaça tem vindo a cair significativamente.

A conclusão é avançada num estudo científico publicado este ano na revista ‘Global Change Biology’ e é o primeiro a aferir o número de tartarugas marinhas adultas que são capturadas para exploração nos mercados negros.

Aproximadamente 90% desses animais foram ilegalmente capturadas e enviadas por países de rendimentos médios ou baixos para, principalmente, a China e o Japão.

As estimativas apontam que entre 2010 e 2020 a taxa de caça ilegal desses animais era 30% inferior à registada na década anterior, caindo de 61 mil capturas ilegais anuais para 44 mil.

Os cientistas explicam que “as tartarugas marinhas têm sido exploradas pela sua carne, ovos, carapaças, pele e órgãos internos há, pelo menos, 13 mil anos e têm historicamente sido um importante recurso para a populações costeiras em todo o mundo”.

Contudo, as ameaças a essas populações intensificaram-se com a industrialização das sociedades humanas e com o desenvolvimento tecnológico. “No século XX, o rápido crescimento da procura, da globalização e dos avanços na tecnologia dos transportes, associados a ferramentas modernas que facilitam a captura, levaram à exploração à escala industrial que culminou em mais de 17 mil toneladas de carne e produtos de tartarugas marinhas”, salientam.

Na Europa, na América do Norte e na Ásia as carapaças desses animais foram usadas para criar pentes, joias e apontamentos de peças de mobiliário, além serem ingredientes de muitos produtos de medicina tradicional.

A sobrexploração das populações de tartarugas marinhas, legal e ilegalmente, fez com que, hoje, seis em cada sete espécies em todo o mundo estejam em risco, uma ameaça que é fortalecida pela destruição dos seus habitats naturais e pelas mortes causadas por capturas acidentais em redes de pesca.

Os dados revelam que as espécies de tartarugas mais ameaças pela pesca ilegal entre 1990 e 2020 foram a tartaruga-verde (Chelonia mydas) e a tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata).

Os especialistas apontam que “para responder, com sucesso, à exploração ilegal de tartarugas marinhas, é necessária uma combinação de sensibilização, força de lei e investigação, particularmente para proteger populações de tartarugas marinhas ‘em alto risco’ contra mais perdas”.

Mas alertam que é crucial “uma sensibilização culturalmente apropriada para equilibrar os objetivos de manutenção das populações de tartarugas e a preservação de tradições culturais e socioeconómicas importantes”.

E deixam uma mensagem de esperança: “Com conservação e gestão eficazes, as populações de tartarugas marinhas têm demostrado um excecional potencial para recuperarem das quedas de abundância de longo-prazo causadas por ameaças persistentes”, apelando a mais investigação e esforços de conservação que permitam definir as melhores respostas à captura ilegal desses animais em todos os oceanos do mundo.





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