Mais do que uma em cada três espécies de árvores ameaçadas de extinção 



Mais de uma em cada três espécies de árvores está ameaçada de extinção, de acordo com a atualização da Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), divulgada ontem em Cali, na Colômbia.

A atualização foi publicada no decorrer da conferência da ONU sobre biodiversidade, a COP16, que se realiza na Colômbia, e mostra a necessidade urgente de os países reunidos em Cali honrarem o compromisso de travar a destruição da natureza até 2030.

A desflorestação devido à agricultura intensiva ou à sobre-exploração de madeira, os parasitas e as espécies invasoras, bem como as alterações climáticas provocadas pelo homem, estão entre as principais ameaças citadas pela UICN, entidade responsável por fazer o inventário de referência mundial do estado de conservação dos organismos vivos.

O desaparecimento de espécies arbóreas representa uma grande ameaça para milhares de outras plantas, fungos e animais que partilham os seus ecossistemas, alerta-se no documento.

A humanidade também depende das florestas para obter alimentos, lenha, madeira, medicamentos, ar puro e regulação do clima, através da absorção da poluição por carbono.

“Como componente-chave de muitos ecossistemas, as árvores são fundamentais para a vida na Terra através do seu papel nos ciclos do carbono, da água e dos nutrientes, na formação dos solos e na regulação do clima”, afirma a UICN ao revelar esta inédita “Avaliação Global das Árvores”.

Pela primeira vez, a UICN documentou a situação da grande maioria das árvores do mundo. A conclusão: pelo menos 16.425 das 47.282 espécies de árvores avaliadas estão ameaçadas de extinção.

O número total de espécies de árvores está estimado em 58.000, mas os cientistas não dispõem de informações sólidas sobre todas elas.

Entre as espécies ameaçadas estão o castanheiro-da-índia, conhecido na Europa pelas suas propriedades medicinais, e o mogno de folha larga, um precioso mogno latino-americano utilizado na construção e no mobiliário, bem como numerosas espécies de eucalipto e magnólia, disse Emily Beech, especialista que participou na avaliação, citado pela agência de notícias AFP.

De acordo com o relatório, “as alterações climáticas estão a ameaçar cada vez mais as árvores, especialmente nos trópicos, através da subida do nível do mar e de tempestades mais fortes e mais frequentes” e “a maior proporção de árvores ameaçadas encontra-se nas ilhas (…) devido à desflorestação para o desenvolvimento urbano e agrícola” e aos ataques “de espécies invasoras, pragas e doenças”.

Curar todos estes males é a difícil tarefa que enfrentam os países reunidos até à próxima sexta-feira em Cali, na Colômbia, para a 16.ª Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade.

São esperados uma série de acordos para desbloquear o dinheiro e os compromissos necessários para cumprir o objetivo de travar a destruição da biodiversidade até 2030, tal como decidido na COP15, a anterior cimeira, realizada em 2022 com a adoção do Acordo de Kunming-Montreal, que estabelece 2030 como data limite para proteger 30% do planeta.

Na América do Sul – que abriga a maior diversidade de árvores do mundo – 3.356 das 13.668 espécies documentadas estão ameaçadas de extinção, de acordo com a UICN.

No total, a Lista Vermelha atualizada inclui agora 166.061 espécies analisadas, das quais 46.337 são consideradas ameaçadas de extinção e 10.235 criticamente em perigo.

“Mais de dois terços das espécies de aves ameaçadas no mundo dependem das florestas”, sublinha Cleo Cunningham, responsável pelo clima e florestas da “Birdlife International”, apelando à ação “para as comunidades locais e os povos indígenas que dependem das florestas”.





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