“Mamífero mais fofo da Austrália” é, na verdade, três espécies diferentes



Os kultarr, mamíferos insetívoros nativos das zonas áridas da Austrália e que se assemelham a pequenos ratos com caudas longas e patas de canguru, estão atualmente classificados como uma única espécie, a Antechinomys laniger.

Contudo, uma nova investigação sugere que, na verdade, os kultarr são não uma, mas três espécies distintas: Antechinomys laniger, Antechinomys spenceri e Antechinomys auritus.

Investigadores acrediram que os kultarr são, afinal, três espécies distintas: Antechinomys auritus (A) (foto: Ken Johnson), Antechinomys laniger (B) (foto: Pat Woolley) e Antechinomys spenceri (C) (foto: Ken Johnson).

Num artigo publicado recentemente na revista ‘Ecology and Evolution’, uma equipa de cientistas das universidades de Queensland e da Austrália Ocidental revela que a análise do material genético dos kultarr, bem como da sua morfologia e estrutura craniana, aponta para diferentes espécies, em linha com suspeitas já lançadas em 2023 por um outro artigo publicado na ‘Australian Journal of Zoology’.

Num texto divulgado no site ‘The Conversation’, os cientistas, que descrevem os kultarr como “o mamífero mais fofo da Austrália”, dizem que é difícil saber ao certo se essas espécies estão ameaçadas de extinção. Na Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza, a espécie Antechinomys laniger – só consta uma porque as outras não foram ainda reconhecidas oficialmente – está classificada como “Pouco Preocupante”.

O facto de se tratar de animais esquivos, raros e, por isso, difíceis de observar, faz com que avaliar, ainda que por alto, o seu estado de conservação não seja fácil. Ainda assim, sugerem que as espécies podem estar a ser ameaçadas pela perda de habitat e por predadores invasores, como gatos e raposas.

Das três novas supostas espécies, os investigadores pensam que a Antechinomys laniger poderá ser a mais ameaçada do trio, uma vez que estimam que a sua área de distribuição geográfica, com base em registos históricos, é hoje muito mais reduzida e não rejeitam a possibilidade de a espécie ter sido extinta em partes da Austrália onde, em tempos, ocorria.

Como tal, para saber ao certo o nível de perigo enfrentado por estes pequenos predadores de insetos, os cientistas apelam a mais trabalhos de investigação, sobretudo para ajudar a comprovar que, de facto, os kultarr são mais do que uma única espécie.

“Recomendamos que todos os investigadores a trabalharem com kultarr na Austrália obtenham material genético para corroborar a identidade das espécies”, escrevem no artigo. “Isso contribuirá para refinar a distribuição das espécies e para melhorar o nosso entendimento da ecologia dos kultarr”.






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