Moçambique quer acelerar vedação de parque em Gaza para mitigar ataques de animais



O Governo moçambicano vai acelerar, em coordenação com parceiros internacionais, o processo de vedação dos parques de fauna bravia na província de Gaza, para mitigar recorrentes conflitos entre populações e animais selvagens, disse o Presidente da República.

“Há uma grande preocupação da nossa população na região norte da província de Gaza sobre o conflito homem-animal, sobretudo por causa dos animais dos parques”, declarou Daniel Chapo, durante uma conferência de imprensa no final da visita de três dias que realizou à província, que concluiu na noite de quarta-feira.

O chefe de Estado referia-se ao Parque Nacional do Limpopo, sul de Moçambique, e ao Parque Transfronteiriço do Grande Limpopo, que integra também o Parque Nacional Kruger Park (África do Sul) e o Parque Nacional Gonarezhou (Zimbabué).

Daniel Chapo explicou que o acordo entre os três países, para a criação daquela área de conservação transnacional, previa o vedamento gradual das áreas protegidas e o reassentamento das populações ainda residentes dentro das zonas de conservação.

“Na altura – o Presidente Mandela, o Presidente Mugabe, o Presidente Chissano -, o acordo que se chegou, é que, pouco a pouco, este parque tinha que ser completamente vedado. E há um exercício que ainda está sendo feito, do reassentamento das populações que estão dentro do Parque do Limpopo”, explicou.

“Vamos trabalhar a nível central para que – o Governo, a nível central, junto dos parceiros gestores destes parques – possamos completar as vedações e tenhamos o controlo do movimento destes animais”, garantiu Daniel Chapo, que durante a visita a Gaza também reuniu com administradores distritais e líderes locais dos distritos do norte da província particularmente afetados pelos ataques de animais selvagens, incluindo relatos de destruição de culturas e ameaça à segurança das populações.

O número de mortos devido a ataques de animais selvagens quase triplicou num ano, chegando a 159 vítimas em 2023, segundo um relatório do Instituto Nacional de Estatística (INE).

No relatório de Indicadores Básicos do Ambiente de 2023, o INE detalha que o número de óbitos por conflito homem – fauna bravia foi de 58 no ano anterior e de 56 em 2021, mas de 97 em 2020 e de 42 em 2019.

Mais de metade das vítimas mortais destes ataques em 2023 concentrou-se na província de Tete (70), seguindo-se a Zambézia (31), segundo os dados do INE. Só a província de Tete soma 137 mortos desde 2019, de acordo com o histórico do INE.

“No que concerne às áreas de culturas destruídas pela ação da fauna bravia, em 2023 houve registo de destruição de 1.490 hectares, sendo a província de Gaza a que observou maior destruição (68,3%), seguida de Tete com 16,3%”, lê-se no documento.

No relatório acrescenta-se que o número de feridos nestes ataques também continua a crescer, afetando 114 pessoas em 2023, contra 70 no ano anterior, 51 em 2021, 66 em 2020 e 59 em 2019.

Citando os últimos dados disponíveis, no relatório do INE recorda-se que Moçambique estimava em 2018 uma população de 9.114 elefantes e 64.800 búfalos, entre dezenas de espécies de grande porte.

Segundo o mesmo relatório do INE, vivam em 2023 no interior das áreas protegidas moçambicanas 205.375 pessoas, em 162 comunidades, às que se somam 501.737 em 504 comunidades nas zonas tampão a estes parques e reservas.

De acordo com dados anteriores da Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC), os ataques da fauna bravia em Moçambique destruíram de 2019 a 2023 um total de 955 hectares de culturas agrícolas, como milho e mandioca.






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