Moçambique quer formar técnicos de conservação em gestão de recursos naturais
A Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC) de Moçambique quer formar, em três anos, profissionais que atuam nas áreas de conservação para responder aos desafios do país na gestão dos recursos naturais, incluindo a conservação terrestre e marinha.
A iniciativa resulta de um acordo assinado hoje, em Maputo, entre a ANAC, a Nautilus, a WIOMSA e a WIO-COMPAS, organizações que lidam com conservação, e é destinado a fortalecer competências práticas de quadros do setor de conservação moçambicana já no ativo.
“[Esta iniciativa] vem responder às necessidades que o país tem no seu todo, que é a criação de capacidade. Significa dar habilidade às pessoas de estarem treinadas para responder aos desafios que o país enfrenta”, disse o diretor-geral da ANAC, Pejul Calenga, à margem da cerimónia de assinatura do acordo.
Segundo o diretor-geral da Administração das Áreas de Conservação, o programa abrange técnicos das áreas protegidas terrestres e marinhas e não exige qualificações académicas superiores, pedindo-se, no mínimo, o 10.º ano de escolaridade.
“Significa que está aberto aos profissionais, tanto do setor de conservação das áreas protegidas terrestres, mas também do setor de conservação das áreas marinas(…), significa que o Governo olhou para aquilo que era o seu contexto atual em termos de capacidade de recursos humanos e acabou detetando que era imperioso elevar o seu conhecimento”, explicou Calenga.
A formação será feita maioritariamente à distância, com aplicação prática nos locais de trabalho dos profissionais de conservação, avançou o diretor-geral da ANAC, referindo que a primeira fase vai incluir entre 50 e 100 candidatos, com expansão prevista ao longo da implementação.
“É prematuro dizer quantos serão(…) a expectativa é que à medida que a formação vai avançando e ganhamos mais experiência neste processo de implementação, comecemos a alargar também o número de profissionais que estarão abrangidos”, afirmou, lembrando que a rede nacional de conservação integra mais de dois mil fiscais.
O responsável acrescentou que a formação, que terá “certificação internacional, com tutores nacionais e estrangeiros”, inclui módulos em fiscalização, ecologia, comunicação, gestão financeira, ‘marketing’ e pesca sustentável.
“Vai ser um processo competitivo(…), a questão do inglês vai ser também um requisito, que pode ajudar no processo de seleção,” disse Calenga, acrescentando que o processo de candidaturas, aberto a profissionais das áreas de conservação de todo o país, vai decorrer até 15 de dezembro.
A ANAC pretende priorizar profissionais jovens em atividade, disse.
A Nautilus foi criada em 2006, no Brasil, com foco em pesquisa e conservação ambiental, a WIOMSA, com sede na Tanzânia e África do Sul, atua na promoção da ciência marinha na região, e o programa WIO-COMPAS oferece certificação internacional para gestores de áreas marinhas, tendo realizado o seu primeiro exame em português em Maputo, em abril de 2025, indicam as páginas oficiais das três instituições.