Motores de veículos elétricos integram miniturbinas para aproveitar vento urbano
Uma equipa portuguesa recorreu a motores de veículos elétricos, como trotinetes e bicicletas, para criar miniturbinas eólicas que, associadas a uma rede de painéis fotovoltaicos, permitem aproveitar o “vento urbano”, adiantou hoje um dos mentores do projeto.
Em declarações à Lusa, Filipe Fernandes, um dos mentores do projeto “WindCredible”, explicou que a ideia surgiu “enquanto fazia a manutenção a uma impressora 3D” e se apercebeu que os motores “funcionavam como geradores”.
“Os motores geravam energia quando eram movimentados por indução magnética. Percebi isso depois de desmontar os motores e foi então que procurei outros que fizessem o mesmo”, esclareceu, acrescentando que a procura levou aos motores de veículos elétricos, como trotinetes, ‘overboards’ e bicicletas.
A ideia “foi ganhando forma” e, apesar do aproveitamento da energia eólica ser um conceito “muito maduro”, Filipe Fernandes salientou que a “nível urbano se perdeu a ligação ao vento”.
“Tanto a nível urbano como rural há muito vento para aproveitar, e pensamos que era a maneira mais simples para ocupar um espaço que não está ocupado. O vento urbano não está a ser rentabilizado”, reforçou.
De acordo com Filipe Fernandes, a equipa já desenvolveu um protótipo do produto, mas o mesmo “ainda não é suficiente para ser diferenciador numa comunidade de energia renovável”.
O fundador acredita, no entanto, que o modelo com dois metros será “um bom acrescento a qualquer sistema de produção fotovoltaica”.
“Quem já tem um sistema fotovoltaico implementado não precisa de grandes acrescentos para usar estes geradores”, salientou Filipe Fernandes, esclarecendo que estas miniturbinas eólicas vão produzir o equivalente a “três ou quatro painéis fotovoltaicos”, representando uma poupança de “cerca de 10 euros” na conta da luz a um consumidor.
“Não queremos competir com o solar. Esta solução é uma complementaridade ao solar e pode colmatar as falhas dos painéis durante a noite”, referiu.
Lembrando que a “pedra basilar” da equipa é a sustentabilidade, Filipe Fernandes salientou que está no ‘roadmap’ do projeto dar uma “segunda vida” tanto aos motores como às baterias dos veículos elétricos.
“O facto de usarmos componentes de viaturas elétricas, numa primeira fase, ajuda-nos, porque conseguimos criar protótipos sem grandes investimentos, mas possivelmente no futuro vamos ter de adquirir geradores certificados para uma produção mais qualificada para o mercado”, salientou.
O “WindCredible” foi um dos três projetos vencedores da Final Nacional do ClimateLaunchpad, etapa organizada pela UPTEC – Parque da Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto, e vai, em outubro, representar Portugal na final europeia da iniciativa, que visa apoiar ideias de negócio que reduzam o impacto negativo no ambiente.
“O nosso objetivo é colocar uma destas turbinas em todos os telhados e em todas as comunidades, por isso, estamos muito expectantes”, garantiu.
Além de Filipe Fernandes, a equipa do projeto “WindCredible” é composta por António Santos, Marvim Fernandes, Nelson Batista, Mafalda Trindade e Carolina Silva.