Museu da Marinha portuguesa esconde tesouros únicos no mundo
Essa urgência, em transmitir o legado de conhecimento que a Marinha Portuguesa é depositária, está na origem da remodelação em curso neste Museu. Em 2023, data em que se assinalam os 160 anos da instituição, tudo estará diferente: espaços expositivos ampliados e renovados, novas exposições permanentes e narrativas apelativas para os mais jovens. O objetivo mantém-se o mesmo: tornar acessível o conhecimento e o gosto pelo mar.
Os conceitos científicos estão disseminados por todo o Museu de Marinha. Os Descobrimentos são um bom exemplo. Só foram possíveis graças à Ciência e à Tecnologia de ponta da sua época. Os instrumentos de navegação, como os astrolábios, foram desenvolvidos e construídos em Portugal; a cartografia era altamente precisa porque incorporava com rigor os dados fornecidos pelos navegadores; e a construção naval teve rasgos brilhantes tornados possíveis pela íntima relação dos portugueses com o mar.
No grande Pavilhão das Galeotas, construído de raiz para albergar a coleção das grandes embarcações, encontram-se peças que marcaram a história de Portugal. Desde o iate real Sirius ou o bergantim real que navegou, pela última vez em 1957, com a Rainha Isabel II de Inglaterra a bordo. Mas também estão ali expostos barcos tradicionais, como o moliceiro de Aveiro, o baleeiro açoriano e o pequeno dóri – utilizado na pesca ao bacalhau nos longínquos mares do Norte.
Mas a jóia desta coleção talvez seja o hidroavião Santa Cruz, um dos aparelhos pilotado por Gago Coutinho na primeira travessia aérea do Atlântico Sul, ligando Lisboa ao Rio de Janeiro em 1922. Um feito só possível porque Sacadura Cabral criou um inovador método de navegação astronómica. Mais uma vez, a Marinha Portuguesa foi buscar os conhecimentos do seu tempo para fazer avançar a Ciência. Uma ligação que, na opinião de José Favinha, tem de continuar a ser transmitida a novos públicos e a novas gerações.
Por Paulo Caetano